Sexo com uma jovem para recuperar a alegria

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 Como regra geral, temos a capacidade de nos recuperar das piores atrocidades, mas os seres humanos são sociais por natureza e sentir-se sozinho é geralmente o que suportamos de pior. Cheguei ao fundo do poço depois de vários fracassos amorosos, quando percebi que, se nada mudasse, eu morreria sozinho. Isso me levou a pensar que talvez fosse melhor não esperar esse momento chegar.

Já na casa dos trinta, eu amaldiçoava o despertador todas as manhãs quando ele tocava. Não foi porque tive que acordar e ir trabalhar, mas porque me lembrou que os melhores anos da minha vida, aqueles em que praticamente não tive responsabilidades, ficaram para trás.

Eu sabia que muitas pessoas não viam da mesma forma, mas fiquei nostálgico, vivi preso na adolescência, quando saí com alguns amigos que não estavam mais na minha vida e pude ver o único amor que tive todos os dias no ensino médio. Naquela época eu só tinha que estudar e nada acontecia se eu não estudasse. Como adulto, se você não trabalhar, não poderá ganhar dinheiro para se sustentar.

A única coisa boa que me restou foi Samu, meu irmão mais novo. Ele não era exatamente o mais carinhoso ou agradável do mundo, e ainda por cima tudo estava indo muito bem, mas eu ainda podia contar com ele sempre que precisasse. Ele me deixou irritado com o quão duro ele foi comigo, mesmo sabendo que ele estava me dizendo todas essas coisas para o meu próprio bem.

– Você tem que sair de casa de vez em quando.

– E onde você quer que eu vá?

– Bem, vamos comer alguma coisa, como todo mundo faz.

– Não tenho mais amigos na cidade, o último se mudou ano passado.

– Vá vê-los, é por isso que você está com o carro.

– Faz muito tempo que não tenho notícias de nenhum deles.

– Normal, se você nunca ligar para eles. Você faz o mesmo comigo.

– Nos vemos todos os domingos na casa da mamãe e do papai. Bem, quase todos eles.

– Claro, porque tenho vida social.

– No qual não estou incluído.

– Não brinque comigo, Sabino, já falei muitas vezes sobre sairmos juntos.

– Sim, mas não quero ser um fardo para você.

– Se você combina comigo, eu me destaco ainda mais ao seu lado.

– Muito engraçado.

– Agora falando sério, vamos ver se a gente sai uma noite e fica namorando de uma vez por todas.

– Isso seria um verdadeiro milagre.

Era difícil admitir, mas minha vida se baseava apenas em trabalhar de segunda a sexta em uma loja de ferragens local em troca de um salário de merda, fazer compras ou aos sábados de manhã e ir comer aos domingos na casa dos meus pais. O resto do meu tempo livre era passado trancado no apartamento que aluguei alguns anos atrás.

Embora, a verdade é que eu não poderia ter feito grandes planos mesmo que tentasse, já que mal me sobrava dinheiro no final do mês. Mas de todas as deficiências que tive, o que realmente tirou meu sonho foi a falta de amor na minha vida. Me angustiava estar sempre sozinho e, acima de tudo, saber que isso nunca iria mudar.

Eu não tinha nada parecido com uma namorada desde os dezesseis anos, quando me apaixonei perdidamente por Celia e ela, presumia-se, também por mim. Um único encontro e um beijo na boca foi tudo o que consegui desse relacionamento, então ela decidiu que era muito jovem e que preferia focar nos estudos sem nada que a distraísse.

Mantivemos contato por alguns anos e às vezes parecia que havia possibilidades de reatar aquele relacionamento juvenil, mas Célia sempre desistia por um motivo ou outro. No final ela acabou sumindo da minha vida e ficou com outro cara, um mais alto, mais bonito e com um futuro muito mais promissor que o meu.

Eu estaria mentindo se dissesse que não pensei nela todos os dias durante os próximos dez anos. Às vezes com tristeza, outras vezes com raiva por não conseguir esquecê-la, mas sempre sentindo que daria tudo para estar ao seu lado novamente. Só Samu sabia que eu ainda estava preso ao passado e que não conseguia tirar Célia da cabeça.

– Não é amor, é que você não conheceu outro.

– O que você sabe?

– Você fica pensando nela porque ela é a única que te ouviu.

– Tem gente que se apaixona de verdade e isso dura para sempre.

– Você não a vê há cerca de dez anos.

– E que?

– Bem, neste momento poderia ter qualquer aparência.

– Isso não importa para mim.

-Você ainda gostaria de ficar com ela se descobrisse que ela pesa cem quilos?

– Bem, claro, eu nem estava em condições de fantasiar.

-Ele já deve ter se casado.

– Pode ser resolvido com uma simples assinatura.

– Não será tão simples se você for mãe.

– Eu nem considerei essa possibilidade.

– Sabino, aceite que o melhor é esquecê-la de uma vez por todas.

-Como é fácil dizer para quem nunca amou ninguém.

– Então ligue para ela ou entre em contato com ela de alguma forma.

– Não posso fazer isso.

– Porque?

– Seria estranho depois de tanto tempo.

– Sim, mas isso é melhor do que continuar se torturando com algo impossível.

Pensei mais nisso do que em um pião, mas finalmente decidi mandar uma mensagem para ele. Embora eu tivesse apagado seu número de telefone há muito tempo para evitar tentações, felizmente ou infelizmente eu o sabia de cor. Ele demorou um dia inteiro para responder, iniciando uma série de conversas que me levaram a algo totalmente inesperado.

Resumindo sua situação, direi que ela havia acabado de se separar há poucos dias e que estava psicologicamente arrasada pelo tempo que levou para perceber que estava há anos com um agressor psicológico. Tudo isso a levou a se encontrar numa situação muito parecida com a minha, a começar a idealizar o passado como eu vinha fazendo há anos.

Doeu tanto vê-la, mas foi como se eu tivesse ganhado na loteria, já que Celia se agarrou a mim. Logo estávamos conversando sobre ficarmos juntos, ela disse que era disso que precisava, embora ainda não estivesse disposta a facilitar as coisas para mim. Depois de meses de altos e baixos, ela finalmente quis que tivéssemos nosso primeiro encontro.

Foi muito melhor do que eu esperava, embora o nervosismo e a timidez me pregassem peças de vez em quando. Você pode abraçá-la e segurar sua mão, retomamos formalmente o relacionamento depois de quase vinte anos, exatamente o que eu queria todo esse tempo, mas não seria nada idílico, pelo menos na maior parte do tempo.

Nada de bom ou romântico que ele pudesse lhe dar fez Celia superar seu passado. Às vezes ele estava no topo e parecia me adorar, mas outras vezes via tudo sombrio e colocava muitos problemas no relacionamento, chegando a ser cruel comigo. Eu nem estava pensando em deixá-la, muito menos quando finalmente fizemos amor.

É triste admitir que demorei trinta e poucos anos para perder a virgindade, mas valeu a pena porque pude fazer minha estreia com ela. Foi um fim de semana de sonho que foi arruinado alguns dias depois, quando suas dúvidas voltaram. Cada vez ele me dava uma desculpa diferente para acreditar que o relacionamento deveria ser rompido, o que era cada vez mais humilhante para mim.

Aguentei um ano inteiro de idas e vindas, de aguentar ele me deixar e voltar alguns dias depois porque precisava de mim. Eu já sabia que esse relacionamento não ia a lugar nenhum, mas aguentei, por amor e porque tinha certeza de que a alternativa era ficar sozinho para sempre. Mesmo assim, foi Célia quem acabou dando o passo final.

– Acredito que o justo é terminar o relacionamento agora.

– Mas nós nos amamos.

– Já lhe disse muitas vezes que isso não basta.

– Não sei o que pode ter mais peso que o amor.

-Há algo que não consigo aceitar.

– Como que?

– Sua pequena ambição, você se contenta com um trabalho de merda.

– Eu ganho o suficiente, com os nossos salários não teremos problemas.

– Você não tem amigos, está sempre em casa.

– Bem, melhor, tenho mais tempo para você.

– Acho que meus pais não vão aceitar você, Sabino.

– Bem, eles fizeram sexo com um agressor.

– Sim, mas pelo menos ele era bonito.

– Droga, Célia…

– Eu sei como soam minhas palavras, mas não posso deixar de pensar assim.

– Então não há mais o que conversar.

– Ainda podemos ser amigos.

– Não, obrigado, prefiro manter seu veneno longe.

Eu não sabia como me sentir. Eu havia me livrado de algo que me deixava doente, embora não fosse nada fácil arquivar o passado que idealizei por tanto tempo. É verdade que Célia não ficou como eu pensava, talvez pelos traumas que carregava ou simplesmente já era assim, mas com ela passou a última da minha fase mais feliz e inocente.

Tive algumas semanas em que me senti muito bem, livre de sofrimento e de tantos ataques que me fizeram sentir tão mal, mas que duraram muito pouco. Comecei a sentir falta dela, a pensar que era possível que em algum momento ela mudasse. Duvidei se esses eram realmente meus pensamentos ou se novamente o medo da solidão falava por mim.

Quase tudo o que aconteceu entre nós me envergonhou tanto que não ousei contar a ninguém, nem mesmo ao meu irmão. Provavelmente foi isso que mais me angustiava, pois não conseguia desabafar. Finalmente decidi compartilhar com ele, mesmo que tivesse que deixar de fora alguns dos piores episódios, principalmente porque não queria que Samu falasse mal dela.

– Pense que no final você conseguiu, agora é hora de partir para o próximo.

– Sim, claro…

– Você já viu que não é impossível encontrar uma namorada.

– Porque neste caso houve circunstâncias especiais.

– Sim, o passado e tudo mais.

– É impossível para mim encontrar outra como a Célia.

– Bom, abaixe a barra, irmão, é verdade que você teve muita sorte com ela.

– Você vai me chamar de feio também?

– Ele te contou isso?

– Bem, não com essas palavras.

– Mais uma razão para você virar a página e procurar outra.

– Impossível.

– Não se preocupe, vou te ajudar.

– Samu, nem pense em fazer alguma besteira, nós nos conhecemos.

Não adiantava avisá-lo. Algumas semanas depois, meu irmão apareceu em casa com uma amiga dele que disse que queria me conhecer. Desde o início tudo me pareceu muito estranho, mas achei a menina tão bonita que pelo menos me dei a oportunidade de conhecê-la para ver se conseguia descobrir suas intenções.

Não demorei muito para perceber que era tudo uma brincadeira do Samu, já que depois de meia hora ela disse que tinha que ir embora e me deixou sozinho em casa com ela. Lorena, que era o nome dela, devia ser dois ou três anos mais nova que eu, embora estivesse muito mais bem conservada, o que não foi nada difícil. Tentei gostar dele, mas tentando não parecer muito desesperada.

Tentei afogar meus pensamentos no álcool, aqueles que me diziam que era com Celia que eu queria estar. Lorena bebeu um gole atrás do outro, até começar a ficar mais carinhosa do que o necessário. Eu a conhecia há pouco mais de uma hora e ela já estava comendo minha boca desesperadamente. Embora meus sentimentos fossem contraditórios, não poderia deixar passar tal oportunidade.

Eu queria colocar minhas mãos nela para entrar na situação, mas ela foi muito rápida. A cada passo que eu tentava dar, Lorena estava na frente, de modo que depois de alguns minutos ela já estava com uma das mãos no meu pacote e puxando meu zíper para baixo para liberar meu pau. Ele começou a bombear e eu fiquei duro instantaneamente. Eu me senti tão culpado quanto animado.

Enquanto ela continuava me beijando e me masturbando, Lorena enfiou a mão na bolsa e tirou uma camisinha. Ela colocou em mim habilmente e depois puxou o vestido até a cintura e tirou a calcinha. Assim que meus olhos pousaram em seu sexo depilado, ela colocou as mãos no rosto e disse que não poderia continuar.

– O que está acontecendo?

– Sinto muito, mas não posso fazer isso.

– Está tudo bem, acabamos de nos conhecer.

– Eu gosto de você, pensei que seria capaz, mas não.

– É por causa do álcool?

– Não se ofenda, Sabino, mas você não me dá nada.

– Então por que você começou?

– Bom… eu… não sei, pensei…

– Não importa, estou acostumado a ser rejeitado.

Naquele momento eu não entendi nada. Eu não tinha dado a Lorena a oportunidade de me beijar nem pelo que aconteceu depois, ela fez tudo por iniciativa própria, por isso não entendi porque ela agiu daquela forma. Foi chato ele ter me dito que eu não poderia continuar porque não me cansava, mas isso não me afetou tanto, já havia recebido golpes piores.

Isso só serviu como confirmação de que eu morreria sozinho, que ninguém jamais iria querer ficar comigo. Era verdade que Lorena também estava muito além das minhas capacidades, que parte da culpa era minha por não ter baixado a fasquia, ou pelo menos foi o que disse a mim mesmo para me consolar, alheio à enorme desilusão que estava prestes a acontecer-me.

Um daqueles dias em que eu estava saindo mais tarde da loja de ferragens porque precisava fazer um inventário, passei por um lugar onde as prostitutas costumavam se instalar assim que escurecia. Nunca olhei para a cara deles, fiquei com vergonha, mas daquela vez ao longe vi um deles saindo de um carro e isso me chamou a atenção. Era Lorena.

– Você é uma prostituta?

– Não é um bom lugar para falar sobre isso, Sabino.

– Eu não entendo nada.

– Bem, acho que é bem simples.

– Você dorme com qualquer um por dinheiro, mas não conseguiu dormir comigo, por quê?

– Continue andando, por favor.

– Tenho certeza que se eu tivesse pago não lhe pareceria tão feio.

– Você não tem ideia do que está dizendo.

– Vamos, me diga quanto você cobra.

– O que seu irmão me pagou e nem por isso eu consegui te foder.

Talvez outra pessoa não tivesse dado muita importância a tal conflito com uma prostituta, mas para mim foi a gota d’água. Que uma mulher que é capaz de foder qualquer homem que a pare na rua em troca de dinheiro, não tenha conseguido fazer isso comigo porque me achou muito feio foi mais humilhante do que posso descrever.

Tudo reforçava a minha teoria de que iria morrer sozinho… e começava a querer que isso acontecesse mais cedo do que nunca. Não tinha vontade de fazer nada, não queria ver ninguém nem conversar, muito menos com meu irmão. Felizmente, em poucos dias começou meu mês de férias e pude me trancar em casa, passar o dia inteiro na cama lamentando minha existência miserável.

Nem o passado me consolava mais, pois tudo que vivi com Célia me parecia uma grande mentira naquele momento. Olhei para trás e não vi nada, mas o que estava por vir era ainda mais devastador. Por que ninguém me amou? Por que foi tão difícil encontrar o amor? Eu não conseguia pensar em nada além de ideias perturbadoras para acabar com meu sofrimento.

Eu mal dormia ou comia, até que a ansiedade tomou conta de mim e eu me empanturrei com a comida menos saudável possível. Estava começando a descuidar da minha higiene, havia parado de me barbear e só tomava banho quando não tinha escolha a não ser sair para fazer compras ou tinha vontade de algo que achava que poderia anestesiar minha dor.

Descer para a rua era sinônimo de sofrimento. Ver casais felizes me magoou, estava além da minha compreensão como esses homens haviam alcançado estabilidade em seus relacionamentos. Pude entender que os bonitos tivessem conseguido isso por causa do físico, mas havia outros que não considerava mais atraentes do que eu, o que me fez pensar que o meu problema era mais profundo.

Na minha cabeça tudo era barulho, perguntas sem respostas. Mal conseguia me concentrar em nada, ia ao supermercado e deixava metade das coisas porque me distraía com qualquer coisa que chamasse minha atenção. As pessoas se voltavam para mim por qualquer motivo e eu nem sequer as ouvia, estava muito imerso em meus pensamentos catastróficos.

– São vinte e cinco e cinquenta.

– Que?

– O preço de compra.

– Sim Sim claro.

– Você deixou crescer a barba.

– Sim, bem… faz um tempo que não faço a barba.

– Bem, fica muito bem em você.

– Obrigado.

Isso foi um elogio? Parecia que sim, mas eles provavelmente foram forçados a ser gentis com os clientes ou simplesmente não conseguiram reprimir a vontade de me dizer que qualquer coisa que cobrisse meu rosto era boa para mim. De qualquer forma, foi a coisa mais agradável que me aconteceu nas últimas semanas. Decidi que voltaria no dia seguinte.

Eu conhecia aquela menina de vista, pois trabalhava no supermercado desde que me mudei para aquele bairro. Mesmo assim, ele era bem jovem, não poderia ter mais de vinte e cinco anos, o que descartava completamente que ele pudesse ter visto algo de bom em alguém de quarenta e poucos anos como eu naquela época. Embora não só fosse impossível por causa da idade, mas também porque ela era bonita e porque eu tinha nojo de qualquer mulher em geral.

No dia seguinte ele não me fez nenhum elogio, mas sorriu para mim como uma garota nunca havia feito antes. Fiquei pensando que ele fazia isso porque seu trabalho exigia, embora já tivesse passado por muitos supermercados e lojas de todos os tipos e nunca tivessem me tratado assim. Uma ideia sinistra estava começando a tomar conta da minha mente.

-Samuel, o que diabos você fez?

– Você finalmente se dignou a falar comigo.

– Não pense que te perdoei pela puta.

– Droga, Sabino, só queria te encorajar.

– Foi por isso que você pagou ao caixa?

– Não sei do que você está falando.

– A garota do supermercado, também era coisa sua.

– Ele passou por você?

– Não, mas ele é muito legal comigo.

– Eu digo que será o caso de todos.

– Você realmente não tem nada a ver com isso?

– Juro que não.

– Então deve ser que eu definitivamente enlouqueci.

– Ela é uma mulher gentil, não pense mais nisso.

– Ela tem vinte e poucos anos e é linda.

– Você sabe que eu sempre te incentivo, mas não acho que uma menina tão jovem procuraria algo.

– Também acho que não, mas vejo algo nela, antes ela não sorria assim para mim.

– Bom, fale com ele, porque tenho certeza que você ainda não se atreveu a dizer nada para ele.

– A última coisa que procuro é outro golpe.

– A decisão é sua, não quero mais te machucar.

Comecei a ir ao supermercado todas as manhãs e sempre fazia o possível para que ela me atendesse, embora houvesse o dobro da fila no caixa dela do que em qualquer outro. A jovem continuou a tratar-me com a mesma gentileza, alimentando a minha paranóia, mas não me atrevi a ir além de cumprimentá-la ou agradecer-lhe quando estava saindo.

Ver aquela garota trouxe um pouco de emoção para minha vida, mas também me deixou ainda mais triste, porque eu sabia que nunca poderia estar com alguém assim. Talvez quando ele tinha a idade dela ele pudesse ter tentado, mesmo sabendo que iria falhar, mas já era velho demais para ela. Eu só conseguia pensar nisso quando estava na frente dela, o que às vezes me fazia ouvir sua voz como um eco distante enquanto ela falava comigo.

– Você me ouve?

– Que?

– Digo que conheço uma receita muito boa de asas de frango.

– Coloco na panela e deixo ser o que Deus quiser.

– É outra opção, mas tenho certeza que não ficarão tão gostosos.

– Eles geralmente queimam em mim.

– Eu poderia te ensinar como cozinhá-los.

– Claro, me passe a receita.

– Prefiro que você me convide para ir à sua casa para ver como eu faço.

– Quando quiser.

– Esta noite está boa para você?

– Sim, não tenho nada para fazer.

– Bem, me pegue às nove.

– Aqui estarei. A propósito, meu nome é Sabino.

– Eu Michelle.

– Eu sei, está escrito na placa.

O que estava acontecendo ainda não me parecia normal, mas não fui capaz de rejeitar. Dediquei aquela tarde inteira a limpar a casa, praticamente desinfetando-a, e fiz o mesmo comigo, embora não tenha me barbeado, pois era para ele gostar da minha barba. Fiz tudo sem pensar muito, porque se o fizesse o medo teria me feito recuar.

Continuei dizendo a mim mesmo que não deveria ter muitas esperanças, que provavelmente tudo foi um mal-entendido, ao mesmo tempo que me preparava para qualquer decepção que pudesse surgir. Faltavam vinte minutos para as nove e ele já a esperava na porta do supermercado. Quando ela saiu, vestida com suas roupas normais, achei que ela estava ainda mais bonita.

Demorámos apenas cinco minutos sem chegar à minha casa, mas foi o suficiente para eu perceber o quanto foi divertido. Eu não conseguia acreditar que uma garota daquelas estava me provocando, que ela tinha intenções ocultas, embora eu não baixasse a guarda. Uma vez lá em cima, Michelle foi até a cozinha e me mostrou como fazer asas de frango.

Sinceramente, não pareceu que ele tenha feito nada de especial, o que me levou a pensar que tudo tinha sido uma desculpa para vir à minha casa e depois jantarmos juntos. Se você esperava seduzir um homem com dinheiro, já deveria ter percebido, quando viu meu apartamento, que não iria encontrar isso em mim. Era hora de tentar descobrir suas intenções.

– Você costuma mostrar sua receita para muitos clientes?

– Só quem me inspira confiança, por isso você é o primeiro.

– A sério?

– Sim, estou bastante chateado há algum tempo, eles me machucaram bastante.

– Sinto muito.

– Corrija-me se estiver errado, mas vi minha mesma dor em seus olhos.

– Não, você não está errado.

– Já estou cansado de tanto sofrimento.

– Que isso aconteça comigo é normal, mas não entendo o que você faz.

– O que você está falando?

– Você é linda, quem iria querer partir seu coração?

– Bem, um bastardo, isso é certo.

– Parece que não soubemos escolher bem.

– É óbvio que você é uma boa pessoa, Sabino.

Naquela noite conversamos até tarde, assim como no dia seguinte e todos que vieram depois. Oferecemos conforto um ao outro, essa era a ideia, mas não pude deixar de me apaixonar por ela. Eu me senti culpado porque não era para isso que deveríamos estar ali, ou pelo menos foi isso que eu entendi.

Todas as noites, quando a levava para casa, ficava tentado a me despedir com um beijo, mas não ousava nem queria estragar o que havia entre nós, mesmo que fosse apenas uma linda amizade. Finalmente encontrei alguém que me entendia, que via além da minha aparência física e me fazia rir tanto quanto eu a fazia.

Conversamos sobre tudo, menos sentimentos, o que não deixou claro para mim se havia uma pequena chance de ela também ter sentimentos especiais por mim. Ele sentou-se cada vez mais perto no sofá, colocando a mão no meu braço ou perna enquanto conversávamos. Michelle me explicou seu dia enquanto eu me concentrava na pequena curvatura de seu nariz, talvez a única falha que ela tinha.

– No verão tem menos gente, mas o dia continua a durar para sempre.

– Vou voltar a trabalhar agora, mas falta muito pouco para você até as férias.

– Graças a Deus, porque hoje em dia praticamente não estou dormindo.

– Por minha causa, mantenho você aqui até tarde.

– Você sabe que eu fico porque quero.

– Também me sinto muito confortável conversando com você, você é meu salvador.

– Porque disse isso?

– Não sei o que teria feito se você não tivesse aparecido no meu caminho.

– Você estava tão mal?

– Assumir que nunca encontrarei o amor não é um prato de bom gosto.

– Você é cego ou o quê?

– Sobre o que é essa pergunta?

– Você me tem na sua frente, como você nunca encontrará o amor?

– Você quer dizer que você e eu…?

– Foi difícil para você, né?

Assim como a prostituta fez, mas de uma forma muito mais doce e delicada, Michelle pegou meus lábios e me beijou. Talvez durante mais da metade da minha vida eu estivesse convencido de que Célia era a única em meu coração, mas o beijo daquela menina me deixou sensações muito mais fortes, me fez vibrar da cabeça aos pés.

Naquela noite não houve mais conversa, continuamos nos beijando por horas, nos acariciando, perdendo aos poucos o medo de amar e ser amados. Michelle gritou com sua blusa e eu a imitei, dando lugar a carícias muito mais quentes. Seus seios eram de tamanho médio, mas mesmo com sutiã eram muito agradáveis ​​​​à vista.

Assim que ela me deu permissão, ousei beijar seu decote. Michelle aproveitou a oportunidade para colocar a mão na minha virilha, sentindo meu pau duro. Quando me sentei procurando seus lábios novamente, ele abaixou meu zíper e o tirou. Naquele momento me veio à mente o que aconteceu com Lorena e fiquei completamente bloqueado.

– O que aconteceu?

– Você não precisa fazer isso.

– Não te entendo, Sabino.

– Você pode gostar de mim, mas sou fisicamente nojento.

– Isso não é verdade.

– Isso é o que todas as mulheres pensam de mim.

– Juro que não.

– Eu sou feio, isso você não pode negar.

– Eles não vão te chamar de Sr. Universo, mas eu gosto de você.

– Porque?

– Porque você é bom, divertido, amoroso… isso é mais difícil de encontrar do que um cara bonito.

Nada iria tirar os medos da minha cabeça, mas naquela ocasião fui eu quem correu para beijá-la. Nossas línguas se encontraram novamente e Michelle retomou o que estava fazendo entre minhas pernas. Depois de segurar meu pau nas mãos, ele começou a me masturbar bem devagar. Me pareceu incrível que uma punheta pudesse ser feita com tanto sentimento.

O toque de sua mão pequena e quente me fez ofegar enquanto continuávamos nos beijando. Era como estar no paraíso, num lugar que me parecia fora dos limites, mas eu sabia que suportaria menos do que gostaria. Michelle continuou acenando com a mão e eu tive que avisá-la que estava prestes a terminar.

Ele não se importou muito. Ele apenas virou de lado e enfiou a língua ainda mais fundo na minha boca enquanto continuava a me tocar até eu gozar. Houve silêncio quando o sêmen espirrou em nós dois, mas imediatamente depois começamos a rir. Embora o facto de me ter masturbado tenha sido muito especial, foi aquela risada que fez a diferença, que fez com que no final parecesse que estava no sítio certo.

– Obrigado, Michelle.

– A você, por ter me feito recuperar a alegria.

– Já foi um pouco tarde de novo.

– Sim, mas agora é a sua vez de demonstrar suas habilidades.

Continua…


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