Submissa por dinheiro

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A escuridão do apartamento acariciava o espelho da penteadeira. Maite ajeitou as alças da boneca que ele lhe dera naquela mesma tarde.

Era azul escuro, quase preto, com rendas que pareciam provocantes em sua pele. O tecido semitransparente destacou seus mamilos e esfregou seus quadris descaradamente.

“Para que você possa parecer a prostituta que é”, ele disse, rindo ao tirá-lo da bolsa. Cada palavra a perfurou como um dardo, mas ela sorriu e olhou para baixo, fingindo não se importar.

Na frente do espelho, seus olhos examinaram o reflexo. Seu reflexo lhe devolveu uma imagem estranha, moldada com seu dinheiro e seus caprichos.

Ele parou por um segundo, respirou fundo e se forçou a se concentrar. Ela ainda tinha que arrumar o cabelo e retocar a maquiagem. A campainha tocaria em breve e ele não podia se dar ao luxo de parecer fraco.

Ele tinha vinte anos, mas sentia como se tivesse vivido um século. Ela se lembrava claramente da primeira vez que o viu: um homem de sessenta anos, elegante, com um sorriso que prometia coisas que ela nunca tivera. Sua mãe a mandou para escritórios limpos, um trabalho miserável por um salário ainda mais miserável. Ele era um dos chefes que andava pelo prédio.

—Você tem potencial, garota. “Com um rosto e um corpo como o seu, você poderia ir longe”, ele disse sem rodeios, enquanto seus olhos vagavam por ela como se ela já fosse dele.

Maite não entendeu completamente o que essas palavras escondiam, mas algo em seu tom a fez estremecer. Foi a primeira vez que alguém viu além das roupas gastas, além da fome que estava marcada em seus ossos e do desespero que turvava seus dias.

Por um instante, ele se sentiu como alguém. Especial, até. Uma centelha de ilusão que, sem saber, começaria a acender o fogo que consumiria o que restava de sua inocência.

O arranjo começou quase sem perceber. No início eram pequenos presentes: roupas caras, jantares em lugares que ela nem sabia que existiam. Depois veio a oferta de pagar um apartamento, aulas em uma academia exclusiva e, por fim, os implantes.

“Você ficaria perfeita com peitos maiores”, ele disse, sem tirar os olhos do copo que segurava, como se estivesse falando em redecorar um móvel antigo. Sua voz soava monótona, sem emoção, mas carregada daquela autoridade silenciosa que fazia Maite não ousar discutir. Não foi uma sugestão. Foi uma ordem disfarçada de lisonja.

Ele a olhou de cima a baixo como se o corpo dela fosse um catálogo, algo que pudesse ser corrigido, melhorado, moldado para melhor atender aos seus caprichos. Ele nem sequer tocou nela enquanto dizia isso. Ele simplesmente deixou cair as palavras como alguém deixando uma lista de compras na mesa.

—Algo que realmente chama a atenção.

Maite assentiu. Não porque tivesse certeza, mas porque naquela época eu ainda era uma menina brincando de ser mulher, deslumbrada com a promessa de uma vida de luxo e privilégios. Ela havia imaginado jantares elegantes, vestidos caros e inveja velada aos olhos dos outros. Ser bonito para ele parecia um pequeno preço por tudo que ele poderia ter.

Ela não questionou nada enquanto ele fazia as ligações, enquanto ele escolhia o cirurgião como quem escolhe um restaurante da moda. Ele nem parou para pensar quando assinou os papéis, aceitando mudanças em seu corpo que nem havia pedido. Ele apenas sorriu, tentando engolir o nervosismo, e se convenceu de que estava fazendo isso por amor.

A recuperação foi um inferno, mas Maite suportou como se fosse parte de um rito necessário para se tornar a mulher que ele queria. Ela dormia sentada, incapaz de se mover sem sentir que seu corpo era estranho. As cicatrizes queimaram como fogo, mas não mais do que a humilhação quando ele entrou na sala, olhou para ela como se ela fosse um trabalho em andamento e sorriu.

-Agora sim. —Ele olhou para ela, parando em seu peito inchado marcado pelas bandagens—. Você já parece alguém que vale a pena foder.

E Maité acreditou. Ela sorriu também, porque na sua excitada mente de criança, aquele sacrifício significava alguma coisa. Talvez agora fosse o suficiente. Talvez agora ele olhasse para ela como mais do que apenas um enfeite.

Ela não percebeu na época que as mãos ansiosas com que ele a atropelou não eram as de um homem apaixonado. Eram de quem não via mais uma pessoa, mas uma coisa. Uma posse.

Mas ela não viu. Então não. Ela estava muito ocupada imaginando a vida perfeita que pensava ter comprado com seu corpo.

—Que inveja, Maite! —disseram suas amigas, rindo. Você está incrível, esses peitos ficam perfeitos em você.

Nenhum deles sabia a verdade. Mais do que orgulho, aqueles seios eram um fardo pensado exclusivamente para ele. Cada vez que ela os tocava, apertava-os com aquela posse que a deixava doente, o desgosto subia por sua garganta como veneno. Mas, como sempre, ele sorriu e fingiu gostar.

Mas nenhum deles sabia a verdade. Nenhum deles sabia o quanto ela sentia repulsa por cada toque, por cada carícia de suas mãos ásperas e pele envelhecida. Como cada gemido falso que ele fazia era um grito interno de desgosto. “Está combinado”, ela disse a si mesma quando a náusea ameaçou dominá-la. “Um acordo que não posso quebrar.”

Ela se levantou da cômoda e foi até a janela. Dali eu podia ver a cidade iluminada, mas não sentia nada do que aquelas luzes prometiam. Ele acreditava que ela o amava, que sua dependência era devoção, e ela aprendera a interpretar isso com precisão. Às vezes ele sussurrava em seu ouvido:

-Saber? Você me faz sentir jovem novamente.

Se eu soubesse. Se ele entendesse que tudo o que sentia era medo. Medo de perder o apartamento, de voltar ao buraco de onde veio, da fome que a levou a aceitar aquela proposta. Mas não era apenas medo; Cada vez que ele a tocava, uma onda de repulsa tomava conta dela, um desgosto visceral que ela teve que enterrar sob sorrisos treinados e gemidos falsos.

Às vezes ela fantasiava em cortar tudo, em desaparecer, em escapar do calor pegajoso das mãos dele e daquele olhar que a fazia se sentir um objeto. Mas ele sempre chegava à mesma conclusão: não tinha para onde ir.

Ele havia queimado todas as suas pontes. Ela deixou a mãe para trás sem olhar para trás, uma mulher humilde resignada a compartilhar sua vida com um viciado em drogas bêbado que a extinguia aos poucos. Maite jurou que nunca acabaria como ela. Ele prometeu a si mesmo escapar daquela vida miserável, dos gritos, das portas batendo e das lágrimas afogadas em travesseiros baratos.

Mas agora, nas noites em que o silêncio superava os murmúrios dolorosos daquele homem, ela não podia ignorar o eco desconfortável daquela promessa quebrada. Porque, embora as paredes fossem mais altas e a cama mais macia, a jaula continuava a mesma. E às vezes, quando ele se lançava sobre o corpo dela como se fosse um direito adquirido, Maite sentia como se não tivesse escapado de nada. Acabara de mudar de dono.

Ele respirou fundo, olhando para seu reflexo mais uma vez. Esse corpo, o seu corpo, moldado ao seu capricho, era a sua ferramenta de sobrevivência. Essa era a cruel ironia: embora todos a invejassem, ela pagou o preço com dignidade. Um preço que aumentava a cada noite que passava em seus braços.

Quando a campainha tocou, ela ajustou as alças da boneca e praticou um sorriso no espelho. Ela respirou fundo, apagando qualquer vestígio de seus pensamentos, e caminhou em direção à porta com atitude de uma atriz entrando em cena.

Quando ela abriu, lá estava ele: um terno caro, hálito de uísque e aquele olhar que a fazia sentir como se ele a estivesse despindo sem tocá-la. Por um momento, sua mente vagou, imaginando-o como um porco trancado em um terno muito apertado, suando enquanto rosnava com seu sorriso arrogante. Essa imagem quase a fez sorrir, mas a realidade a atingiu imediatamente quando ele se lançou sobre ela, as mãos ásperas percorrendo sua cintura até apertar seus quadris com a familiaridade de alguém que acredita possuir tudo.

“Merda, Maite, você está ficando mais quente a cada dia”, ele rosnou, com um sorriso de satisfação enquanto seus olhos se fixavam em seu decote. Você está do jeito que eu gosto…

Ela sorriu, como sempre, com aquele ar de menina dócil que ele adorava.

“Eu estava esperando por você, amor”, ele sussurrou, inclinando um pouco a cabeça, como se estivesse falando com ela em adoração.

Ele riu, uma mistura de zombaria e domínio, enquanto gentilmente a empurrava para dentro do apartamento. Fechou a porta com um movimento rápido, sem tirar as mãos dela.

O eco do encerramento ressoou no silêncio do local, cercando-a como um aviso. Maite sentiu o clique firme dos calcanhares contra o mármore frio, um som que parecia amplificar a tensão no ar. O contraste entre o chão congelado e o calor das mãos dele correndo sobre ela a fez estremecer.

Seus dedos subiram lentamente pelas costas dela, parando nas alças de seda da boneca, puxando-as com a lentidão de quem avalia um produto, como se estivesse medindo seu valor antes de decidir se quer ou descarta.

—Você sabe que tudo isso é graças a mim, certo? — ele sussurrou, sua voz profunda vibrando contra a pele dela enquanto seus lábios roçavam a curva de seu pescoço.

Maite fechou os olhos por um momento, presa entre o frio que aquele toque lhe causava e a vergonha ardente que queimava seu estômago.

“Sem mim”, continuou ele, deslizando o pano sobre os ombros dela com uma lentidão quase cruel, “você ainda seria uma pobre garota limpando escritórios.”

Por dentro, as palavras a atingiram como punhais, revivendo seu medo mais profundo: voltar ao vazio, à fome, a não ser ninguém. Ela queria gritar que isso não era verdade, que ela valia mais do que o molde em que ele a encaixou, mas uma parte dela duvidava disso.

Porque tudo o que ela tinha – o apartamento com as paredes brancas e frias, os vestidos pendurados como troféus num armário que nunca parecia seu, os perfumes caros que deixavam um aroma doce e pegajoso em sua pele – ela pagou com sua dignidade, com seus sonhos e, sobretudo, com a sua própria carne.

Cada noite que ela passava debaixo dele, com seu hálito carregado de uísque e seu corpo pesado cobrindo-a como uma gaiola, era uma lembrança desse preço. Ela sentiu isso nas marcas que ficaram em sua pele depois das mãos dele, nas palavras que ele deixou cair como chicotes entre os suspiros, nas vezes em que fechou os olhos e se forçou a imaginar outra vida para poder suportá-la.

Mas o pior foi como aquela humilhação a excitou. Como, mesmo em meio ao desgosto e à raiva, ela sentia aquela corrente negra percorrendo-a quando ele a tratava como se ela fosse seu objeto. Um corpo comprado, moldado, vestido e despido à vontade.

Ele se odiava por isso. Pelo calor que subiu até seu peito quando ele a despiu descuidadamente, pela forma como sua pele respondeu às carícias ásperas que deixaram marcas. Por como, no fundo, ela queria permanecer perfeita o suficiente para que ele não a substituísse.

Maite engoliu em seco, sentindo o gosto metálico do desespero misturado ao doce perfume que ainda pairava no ar. Esse foi o preço que ele concordou em pagar. E agora, ela não tinha certeza se ainda tinha mais alguma coisa a perder.

O peso de suas inseguranças era sua verdadeira jaula. Sem ele, quem era ele? A liberdade parecia mais assustadora do que a sua prisão dourada, porque com ela viriam decisões e, talvez, o fracasso. Então ele sorriu, como sempre.

—Eu sei, meu amor. “Isso tudo é graças a você”, ela sussurrou, fingindo doçura enquanto o eco de seu medo a afogava.

“É isso que eu quero ouvir”, disse ele, apertando com força o seio dela, sem nenhum cuidado. Suas palavras tornaram-se ainda mais vulgares quando ele olhou para ela como se ela fosse um brinquedo comprado.

Para ele, Maite era o troféu perfeito, uma prova tangível de seu poder e dinheiro. Cada gesto de submissão, cada sorriso falso, o enchia de orgulho, reafirmando que ele poderia moldá-la como quisesse. Ele nunca parou para pensar no que ela sentia; Para ele, era impossível que alguém tão privilegiado, tão dependente, pudesse nutrir algo mais do que gratidão. Em sua mente, ela o adorava, precisava dele, e essa ilusão o fazia sentir-se invencível, um rei antes de seu escravo.

— Sirva-me uma bebida, precioso. “O de sempre”, ordenou, sem se preocupar em suavizar o tom, enquanto começava a tirar o paletó com movimentos rápidos. O mesmo destino teve a gravata, jogada no sofá, e depois os sapatos, que ele deixou de lado descuidadamente. Seus olhos nunca deixaram Maite, seguindo cada passo que ela dava em direção ao bar, como um predador à espreita.

Maite caminhava calmamente, medindo cada movimento com a precisão de quem sabe que está sendo devorada por um olhar. Ela sabia que ele gostava de vê-la assim: submissa, obediente, mas também consciente do poder que seu corpo tinha sobre ele. Ao chegar ao bar, pegou a garrafa de uísque e começou a servir.

Ao se inclinar, ela sentiu a boneca subir descaradamente, deixando sua bunda quase completamente exposta. O tecido leve roçou sua pele, causando um arrepio que a percorreu da cabeça aos pés. A minúscula tanga, tão pequena que parecia adorná-la em vez de cobri-la, perdia-se entre suas nádegas, acentuando cada curva como um convite silencioso.

Ele sabia que esse detalhe o mantinha na expectativa. Ela sentiu isso na maneira como a respiração dele ficou mais pesada, na forma como seus olhos se fixaram nela como se a devorassem. A tensão no ar era sufocante, carregada de desejo e controle, e embora o desconforto a preenchesse por dentro, sua postura permanecia impecável.

Ela arqueou um pouco mais, oferecendo-se com uma mistura calculada de vulnerabilidade e atrevimento, como se cada movimento fosse um ritual. Um ato ensaiado para excitá-lo, para mantê-lo preso naquela ilusão de poder, enquanto sua pele queimava sob o olhar faminto dela. E o pior é que, naquele momento, seu próprio corpo traiu qualquer sinal de resistência.

O gelo tilintou contra o copo quando ele o deixou cair no copo. Cada gesto foi calculado, desde a maneira como ela movia os pulsos até como seus seios, desproporcionais à sua figura magra, roçavam a borda da barra a cada inclinação. Ele odiava a sensação deles, pesados ​​e estranhos, mas sempre olhava para eles como se fossem sua obra-prima.

Enquanto servia o uísque no copo, sua mente divagou por um momento. Pensou naquelas séries policiais que assistia quando estava fora, onde esposas cansadas e amantes subjugados encontravam no veneno a solução definitiva. E se algumas gotas de algo mortal se misturassem com o ouro da bebida?

Eu poderia imaginar isso. Ele tomando um longo gole, inclinando a cabeça para trás com aquela arrogância que tanto odiava, sem perceber que cada gole o aproximava do fim. Seu sorriso confiante desapareceria gradualmente, transformando-se primeiro em perplexidade e depois em pânico. Ela o viu engasgar na sua frente, segurando a garganta com as mãos grossas que tantas vezes a marcaram, enquanto seus olhos saíam das órbitas, vermelhos, suplicantes.

Maite se viu parada ao lado do sofá, imóvel, impassível. Talvez até com o copo ainda na mão, girando o gelo em círculos como se o som do cristal batendo no vidro fosse uma melodia calmante. Eu não diria nada. Ele não chegaria perto. Eu apenas o observava se contorcer enquanto o veneno fazia seu trabalho, enquanto seu corpo poderoso e dominante desmoronava, reduzido a um monte de carne trêmula.

Eu iria gostar. Cada segundo seria como uma vingança silenciosa. Não haveria gritos ou pancadas, apenas o peso de todos aqueles anos caindo sobre ele como um castigo divino, que ela administraria com calma e precisão.

Mas a imagem se dissipou tão rapidamente quanto chegou. O copo estava cheio e ele ainda estava lá, vivo, esperando por ela. Maite piscou, engolindo a fantasia e voltando à realidade. Com mãos firmes, mas com o coração batendo forte no peito, ela caminhou em direção a ele. Como se ele não o tivesse matado mentalmente repetidas vezes

“Aqui está, amor”, ele disse suavemente, sua voz perfeita para o papel que desempenhava.

Ele pegou o copo sem tirar os olhos do corpo dela. Tomou um gole e começou a falar, como sempre, dos seus negócios, da mulher que “não entendia nada” e dos netos, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Maite assentiu, rindo nos momentos certos, respondendo o que sabia que ele queria ouvir.

Maite se ajoelhou diante dele com a calma estudada de quem já repetiu esse ato muitas vezes. Ele ajustou o rabo de cavalo com cuidado, deixando o pescoço exposto porque sabia que ela gostava, e manteve os olhos fixos nos dela enquanto desabotoava a calça. Seu sorriso ainda estava intacto, um escudo perfeito para esconder o que se passava em sua mente.

Ele recostou-se no sofá, tomando um longo gole de uísque antes de colocar o copo sobre a mesa. Sua voz profunda preencheu o silêncio.

-Saber? ele começou, com aquela mistura familiar de satisfação e desprezo. É uma sorte eu ter você. Você está sempre pronto. Nem minha esposa nem ninguém me entende como você.

Maite levou todo o seu membro à boca sem hesitação, a língua se movendo lentamente no início, delineando cada contorno com precisão úmida. Seus lábios se fecharam com força calculada, subindo e descendo em um ritmo que ela sabia que o faria gemer. Ela fez isso rápido e profundamente, deixando os sons úmidos preencherem a sala, enquanto ele ofegava entre comentários vulgares sobre como ela fez isso bem, sobre como ninguém mais lhe dava prazer assim.

Cada gemido que ele soltava ecoava em seus ouvidos como o grunhido de um porco, pesado, grotesco, acompanhado da imagem mental de seu corpo suado e de seus movimentos desajeitados. A comparação a deixou ainda mais enojada, mas ela manteve o ritmo, aperfeiçoando cada movimento para acelerar o final. Ela disse a si mesma que quanto mais cedo terminasse, mais cedo poderia escapar da proximidade sufocante daquele homem que acreditava que ela a possuía.

Enquanto falava, suas mãos repousavam no encosto do sofá, relaxadas, como se isso fizesse parte de uma rotina pensada só para ele. Maite, por sua vez, começou a se mover com precisão, como se seu corpo agisse por inércia, desconectado do que estava acontecendo, mas presente o suficiente para mantê-lo satisfeito.

“E pensar que você estava naquele buraco, perdida”, ele continuou, sem prestar muita atenção no que ela estava fazendo. Veja o que consegui com você.

Maite assentiu levemente, murmurando sons que ele interpretou como aprovação. Por dentro, a náusea queimava sua garganta novamente, mas ele a manteve sob controle. Cada palavra sua queimava mais do que suas mãos ásperas.

Ele se inclinou um pouco para frente, estreitando os olhos com um sorriso de satisfação, enquanto seus dedos grossos se enroscavam nos cabelos dela, puxando suavemente como se esperasse que o gesto a subjugasse ainda mais.

—Você é meu melhor investimento, sabia disso? ele disse, acariciando seu rosto com uma posse que fez seu estômago revirar. Nenhuma mulher me deu tanto quanto você.

Ele se recostou novamente, o copo de uísque em uma mão e a outra ainda agarrada ao quadril.

“Você ainda poderia estar lá.” Sua voz soava lenta, cruel, como se ele gostasse de saborear cada palavra. Limpando escritórios com esse corpo, deixando algum idiota olhar para sua bunda enquanto você limpa. Ou pior, você pode estar em um quarto minúsculo, com paredes descascadas, atropelado por alguém que te largou depois de te levar para a cama.

Maite fechou os olhos por um momento, mantendo o ritmo como se não tivesse ouvido nada, mas por dentro sentiu as palavras atingindo-a como pedras.

—E não se atreva a esquecer isso. Ele se inclinou novamente, perto de sua orelha, seu hálito quente e carregado de álcool queimando sua pele. Você me deve cada maldito segundo desta vida. A única coisa que espero de você é que continue fazendo o que faz de melhor: me agrade.

A mão dele se enroscou no cabelo dela, puxando com força até que ele a forçou a olhar para cima. Maite mal teve tempo de respirar antes de senti-lo empurrá-la para baixo, guiando-a sem sutileza, afundando-a contra sua pélvis.

“Abre mais a boca,” ele rosnou, com aquela mistura de desprezo e necessidade que sempre a fazia tremer, embora ela não soubesse se de raiva ou desgosto.

Maite obedeceu mecanicamente, sentindo como os dedos dele na nuca dela a mantinham no lugar, pressionando-a mais, marcando o ritmo com movimentos cada vez mais bruscos. Sua garganta queimou, mas ele não se afastou. Ele sabia que resistir só iria piorar as coisas.

Ele fechou os olhos, tentando ignorar a sensação, ignorando o gosto amargo na língua e a pressão na mandíbula. Mas a voz dele continuou a perfurar sua cabeça, repetindo-se como um eco cruel.

A raiva se contorceu dentro dela como uma cobra envenenada, mas seu corpo continuou a obedecer. Eu odiei isso. Ele odiava cada palavra, cada empurrão, cada segundo que tinha para fingir submissão.

Mas sua língua o acariciava sem pausa, girando em círculos quando sentia sua tensão aumentar, misturando chupadas abruptas com pausas onde ela o olhava por baixo, como um boneco perfeitamente treinado. Tudo era mecânico, cada gemido suscitava mais uma confirmação de que ele acreditava que a possuía.

Ela fechou os olhos, concentrando-se em manter a fachada enquanto sua mente se afastava daquele lugar, para um canto onde ele não pudesse alcançá-la. Enquanto ele continuava falando sobre negócios, sua esposa e seus netos, ela dizia a si mesma que tudo era temporário, que aquilo era um meio para atingir um fim.

Por um momento, ele soltou um grunhido de prazer, interrompendo seu monólogo. Ele olhou para ela, cheio de orgulho.

—Você é incrível.

Ela olhou para cima, dando-lhe um olhar cheio de falsa devoção. Ele nunca suspeitou, nunca viu além do que queria acreditar. Para ele, a sua dependência económica era o amor e a sua submissão era a gratidão.

Ele tomou um longo gole de uísque, deixou o copo de lado e olhou para ela, com aquela mistura de superioridade e desejo que sempre o fazia sentir-se intocável.

“Agora, use esses peitos que me custaram uma fortuna”, ordenou, sem se preocupar em esconder o tom autoritário, enquanto suas mãos alcançavam o decote dela e puxavam com força o tecido fino da boneca, expondo-os.

Maite não disse nada, apenas assentiu com um sorriso que parecia submisso, mas que escondia seu profundo desdém. Ela se acomodou diante dele, guiando seu corpo como sabia que ele esperava. Ele agarrou os seios dela com as duas mãos, moldando-os, colocando-os ao redor dela e começando a se mover lentamente.

Ele engasgou instantaneamente, seu olhar fixo na maneira como eles pressionavam sua pele.

“É isso… eu sabia que valeriam cada centavo”, ele rosnou, levando as mãos à cabeça para bater o ritmo.

Maite, com a precisão que a experiência lhe proporcionava, inclinou o corpo para a frente enquanto os seios seguiam o ritmo que ele impacientemente marcava. Ele sabia exatamente o que fazer para acelerar o final e, embora mantivesse os movimentos firmes, mostrava a língua, deixando-a roçar firmemente uma na outra cada vez que caía.

Ele grunhiu mais alto, suas calças ficando irregulares, e Maite sabia que não demoraria muito. Os lábios e a língua dela moviam-se em sincronia com a pressão dos seios, criando aquela combinação à qual ele não pôde resistir. Segundos depois, ele sentiu o calor úmido espirrar em seu rosto.

Ele parou, fechando os olhos enquanto prendia a respiração. Todo o seu corpo ficou tenso, mas ele se forçou a manter a mesma expressão neutra, quase complacente. Por dentro, a náusea a atingiu como um soco, ameaçando transbordar.

Ele, por sua vez, estava deitado no sofá, olhando para ela com aquela satisfação arrogante que tanto odiava.

“Você está tornando tudo cada vez mais rico”, disse ele, estendendo a mão para acariciar seu rosto, sem perceber o desprezo fervendo sob sua pele.

Ela calmamente enxugou o rosto, tomando cuidado para não deixar o sorriso vacilar, e respondeu no tom mais doce que conseguiu fingir:

—Tudo para você, amor.

Por dentro, ele dizia a si mesmo que logo tudo acabaria, que teria que acabar, porque não aguentaria mais.

Nua, com a tanga pequena que não cobria nada e aqueles saltos altos plataforma que ele insistia que ela usasse, Maite levantou-se lentamente. Seu rosto ainda estava impecável, como se nada tivesse acontecido.

“Vou ao banheiro, amor, só um momento para me limpar”, ela disse num tom suave, quase doce, enquanto começava a andar pelo apartamento com aquele andar exagerado que ela sabia que ele gostava.

Cada passo fazia seus saltos ecoarem no chão, um som que parecia marcar sua presença como um lembrete constante de quem ela era para ele. No entanto, ele mal olhou para ela, ainda deitada no sofá, com os olhos semicerrados e a respiração pesada, apanhado pelo prazer recente.

Mas antes que pudesse se afastar o suficiente, sentiu um golpe forte em uma das nádegas, mais forte do que esperava. O som ecoou pela sala, quebrando o silêncio como um chicote.

“Mova essa bunda para mim,” ele rosnou, seu sorriso torto pingando malícia e domínio, como se aquele tapa não fosse apenas um lembrete de seu controle, mas também um aviso.

Maite parou por um segundo, a queimação se espalhando por sua pele como uma queimadura. Ele não se virou imediatamente, não queria dar a ela a satisfação de vê-la reagir. Em vez disso, ela fechou os olhos por um momento, lutando contra a vontade de gritar com ele ou atirar algo nele. Quando ele os abriu novamente, sua expressão estava intacta.

Ele virou ligeiramente a cabeça, revelando um sorriso hipnoticamente falso, praticado com perfeição.

“Claro, querido”, ele respondeu com uma voz tão suave e complacente que quase parecia real.

Mas por dentro ele ferveu. Queria arrancar aquele sorriso do rosto dela, apagar aquela expressão satisfeita que a tratava como se fosse uma propriedade. E ainda assim, seus pés continuaram a avançar, os calcanhares estabelecendo um ritmo constante enquanto seu corpo respondia como sempre: obediente, mas cheio de raiva reprimida.

Ele continuou seu caminho até o banheiro, forçando-se a respirar fundo. A distância, embora breve, foi um pequeno alívio, um momento onde ele pôde relaxar o rosto e deixar escapar um pouco do desgosto que havia acumulado.

Ao chegar, fechou a porta atrás de si e apoiou as mãos na pia, olhando seu reflexo no espelho. Por alguns momentos, ele deixou a máscara cair, deixando o desgosto e o cansaço transparecerem em seu rosto antes de se forçar a se recompor.

Ele deixou sua mente vagar, afastando-se do presente. Seus pensamentos a arrastaram para os dias de sua infância, para aquele canto de miséria que parecia destinado a engoli-la. Uma selva cruel onde as oportunidades eram poucas e as mãos para ajudar inexistentes.

Pensou na mãe, uma jovem que mal tinha o dobro da sua idade, mas que já tinha cinco filhos para carregar. Ela era quem estava no meio, sempre invisível entre as necessidades dos mais pequenos e as exigências dos mais velhos. Não havia espaço para sonhos ou opções, apenas para sobreviver.

Por um momento, ele se lembrou de como, a princípio, esse novo mundo não parecia tão terrível. Ele até gostou dos presentes, do conforto que nunca pensou que teria. Havia algo de excitante em sentir-se querido, em escapar daquela pobreza esmagadora. Mas agora… tudo isso parecia insignificante. Cada conta, cada luxo, desmoronou diante do desgosto que ela sentia por permitir que ele a tocasse, por se submeter às suas ordens e fingir amor onde não havia nada além de repulsa.

Um grito vindo da sala a tirou de seus pensamentos.

—Maité! O que você está fazendo? Não demore tanto.

Ele estava deitado no sofá, completamente nu, com o corpo exposto sob a luz fraca. A pele flácida, as marcas do tempo e aquela ereção que parecia desafiar a deterioração de sua figura o tornavam ainda mais grotesco aos olhos dela. Com as mãos atrás da cabeça, recostou-se e, com um sorriso satisfeito, ordenou:

—Móntate.

Maite cerrou os dentes, mordendo a língua para evitar qualquer gesto que revelasse seu desgosto. Sem dizer nada, ele obedeceu. Ela se aproximou com a falsa sensualidade que ele sempre esperava, montando nele enquanto pegava seu membro com mão firme, guiando-o para dentro dela.

Era uma pantomima que ele conhecia bem, um roteiro que ensaiara inúmeras vezes. Ela fez um leve gesto de desconforto, apenas o suficiente para ele acreditar que havia alguma resistência. Então, gemidos tímidos começaram a sair de seus lábios, acompanhando o ritmo lento de seus quadris que se moviam com a cadência que ele sabia que o deixava louco.

Logo os gemidos ficaram mais altos, mais urgentes, quase coreografados. Cada movimento de seu corpo fazia com que seus seios subissem inevitavelmente com a força da física, espetáculo que ele acompanhava com olhos famintos e que só alimentava sua arrogância.

Maite manteve sua atuação impecável, fingindo prazer, enquanto sua mente ainda estava distante daquele momento.

Ele tentou aumentar o ritmo, seus movimentos desajeitados do quadril batendo contra as nádegas de Maite com uma urgência quase ridícula. Ela, como uma atriz talentosa, transformou sua expressão em uma mistura de surpresa e aparente súplica.

—Ah, amor… por favor, devagar! — ela disse com a voz quebrada, fingindo que a intensidade a dominava.

Suas mãos apertaram seus quadris, cavando em sua pele como se quisesse marcá-la. Seu rosto, desfigurado por uma careta grotesca que ele presumiu ser de prazer, inclinou-se para frente enquanto ele ofegava.

Então ele soltou as palavras, cruas e pesadas como um soco:

—Vou te engravidar, Maite… Te amo com meu filho dentro de você. Então você será meu para sempre.

O impacto daquelas palavras ecoou em sua mente como um grito ensurdecedor. Por um segundo, ele quase perdeu a máscara. Seu corpo ficou tenso involuntariamente e um arrepio percorreu sua espinha. Era como se ele tivesse acabado de apertar uma corrente invisível que já a mantinha presa.

Seu sorriso falso reapareceu quase instantaneamente, como um reflexo automático. Ela soltou um gemido mais alto, arqueando as costas com um esforço que rasgou suas entranhas.

—Ah, sim, amor! ele respondeu, forçando o entusiasmo em seu tom enquanto sua mente era destruída por um turbilhão de pânico.

Por dentro eu queria gritar, chorar, desaparecer. Suas palavras não só a encheram de desgosto, mas também de medo gelado. A ideia de um filho, um vínculo eterno, um vínculo que a unisse para sempre a este homem, era demais. Mas ele não podia permitir-se vacilar. Agora não.

Depois de um minuto, Maite sentiu o corpo dele tenso sob o dela. A respiração ofegante irregular e o aperto firme nos quadris eram o aviso do inevitável. Ela fechou os olhos com força, tentando bloquear as sensações, mas não pôde evitar estremecer ao receber a liberação dele dentro dela.

Com um movimento praticado, ela soltou um suspiro, fingindo um orgasmo que nunca chegaria. A voz dela ecoou junto com seus suspiros exagerados enquanto ela abaixava lentamente o corpo, apoiando a cabeça em seu peito. Ele sentiu o suor da pele dela e como aquelas massas que eram seus seios, tão desproporcionais, eram esmagadas contra ele, uma lembrança constante do que representavam.

Sua respiração era pesada, irregular, quase grotesca, enquanto ele se recostava com um sorriso satisfeito. Em contrapartida, a de Maite seguiu um ritmo perfeito, controlado, quase indiferente. Cada inspiração profunda era sua maneira de manter a calma, de não deixar o nojo e a frustração transbordarem.

“Sempre tão bem, Maite”, murmurou ele, a voz arrastada pelo prazer recente, enquanto sua mão percorria as costas dela com movimentos desajeitados, como quem acaricia algo que já parece seu.

Ela assentiu lentamente, sem levantar a cabeça do peito dele. Seus lábios roçaram sua pele úmida, mas não com carinho, mas porque sabia que qualquer rejeição, qualquer distância, poderia quebrar o delicado equilíbrio de sua vida. Não havia amor, nem desejo, apenas uma aceitação amarga do seu destino, um preço que ela continuava a pagar todas as noites pelo medo da pobreza, da miséria que a marcava desde criança.

O calor do corpo dele contra o seu não lhe trouxe nenhum conforto, apenas uma sensação de sufocamento que você teve que enterrar sob uma máscara. Ela não podia chorar, não podia gritar, não podia permitir-se sonhar com algo diferente. Aquela gaiola dourada era tudo o que ele tinha e, embora a odiasse, sabia que o abismo lá fora era ainda pior.

Ela se moveu levemente, apoiando-se no peito dele para se levantar, mas ele a impediu, segurando-a com a mão firme na cintura.

“Venha aqui, me dê um beijo”, ele ordenou, com aquela mistura de fingida ternura e autoridade que a fez estremecer por dentro.

Maite levantou a cabeça, forçando-se a olhá-lo nos olhos. Seu sorriso era impecável, seus lábios curvados em um gesto que qualquer um confundiria com amor. Ela se inclinou para ele, e seus lábios se encontraram em um beijo que foi tudo menos apaixonado. Foi pura submissão, uma rendição silenciosa que lhe disse que ele ainda era dela e que ela não tinha outro lugar para ir.

Quando eles se separaram, ele suspirou satisfeito, recostando-se mais confortavelmente no sofá.

—Você é perfeita, Maite. O melhor que já comi na minha vida.

Ela assentiu mais uma vez, sorrindo quando finalmente se levantou, caminhando em direção ao banheiro com movimentos deliberados. Cada passo era mais pesado que o anterior, mas seu rosto continuava intacto, o papel que desempenhava era infalível.

Fechando a porta atrás dela, ela apoiou as mãos na pia, deixando a cabeça cair enquanto o silêncio do banheiro a envolvia. Por um momento, ele deixou cair a máscara. O reflexo no espelho deu-lhe um olhar vazio, o de alguém que aprendeu a sobreviver a qualquer custo.

Tudo isto a destruiu, mas o medo da pobreza continuou a assombrá-la, imobilizando-a.

Ele respirou fundo, endireitou a postura e olhou novamente no espelho. Ela ajeitou o cabelo, ajeitou a boneca e sorriu aquele sorriso que ele tanto adorava. A máscara estava de volta ao lugar.

Ela voltou para a sala com passos seguros, pronta para continuar desempenhando o papel que havia escolhido, ou talvez aquele que o destino lhe impôs. Não havia final feliz para ela, apenas noites como esta e um amanhã que prometia ser igualmente cinzento.

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