Alguém Como Eu
Quando a vi pela primeira vez, subindo as escadas com aquela caixa com uma enorme pilha de CDs, algo dentro de mim se acendeu. Era como se o universo conspirasse para que nossos caminhos se cruzassem. Eu estava saindo de casa para ir trabalhar quando um CD caiu no chão, capturando minha atenção de imediato.
Sem pensar duas vezes, me prontifiquei a ajudar. Peguei o CD – Que por acaso era o Kid A do Radiohead – e, enquanto o entregava, meu olhar foi atraído pelo pequeno bottom com aquela bandeira branca, rosa e azul preso a seu all-star rosa. Achei aquilo de uma beleza tão sutil que me deixou bastante eufórico. Aquele simples detalhe despertou em mim uma mistura de emoções: ternura, conexão e também uma pitada de excitação. Pela primeira vez, teria uma vizinha como eu.
Com timidez, deixei escapar as palavras: “Ótimo disco, e bonito bottom.” Era uma maneira implícita de declarar para ela o que ela dizia naquele bottom. Ela sorriu, agradecendo com um singelo “obrigado”, e pegou o CD de volta para colocá-lo em sua pilha.
Apresentei-me com um leve nervosismo: “Eu sou o Jeremy.” Estendi a mão em cumprimento, e ela fez um esforço para equilibrar a caixa e me cumprimentar de volta. “Eu sou a Rachel. Ela/Dela.” Ouvir os pronomes de uma pessoa durante sua apresentação era comum para mim, mas do jeito que ela falava, parecia uma reafirmação. Como se não fosse fácil notar que ela era uma linda garota.
Rachel era perfeita em sua beleza única. Seus cabelos castanho-escuros, lisos e que caiam graciosamente sobre seus ombros, eram um convite irresistível. Uma mecha presa com um prendedor rosa dava a ela um ar jovial, quase de colegial encantadora. Seus olhos grandes e amendoados, da mesma tonalidade dos cabelos, tinham um brilho misterioso e magnético. Seu corpo, com pernas longas e nas proporções exatas de suas curvas, exalava uma sensualidade delicada e envolvente.
Logo em seguida, vi um cara baixo, um pouco acima do peso e com a barba falha subindo as escadas com outra caixa. Era Henry, o namorado de Rachel. Confesso que, à primeira vista, achei que ele era um caminhão pequeno demais para a praia de areia que era Rachel. Mas talvez fosse apenas meu coração instantaneamente apaixonado despertando um certo ciúme.
Rachel se despediu de mim com um singelo aceno e continuou seu caminho até o próximo corredor, rumo ao apartamento onde agora iria morar. Enquanto eu descia as escadas e pegava o ônibus para o trabalho, a excitação dentro de mim não se conteve. Naquele momento, eu pensava estar animado por ter alguém como eu como vizinha, mas o que eu não sabia naquela época era que Rachel já havia conquistado um espaço especial em meu coração.
…
À medida que o tempo passava, eu e Rachel começamos a nos tornar cada vez mais próximos. Nossas conversas de corredor fluíam naturalmente, e a conexão que sentíamos um pelo outro era inegável. Rachel possuía um carisma hipnótico que me envolvia por completo, fazendo com que eu desejasse passar horas e horas em sua companhia. Era uma sensação revigorante, como se uma nova energia tivesse sido despertada dentro de mim.
Apesar de termos algo em comum que nos conectava, evitávamos falar abertamente sobre isso. Era difícil para nós falar sobre isso. Na maioria das vezes, desejávamos ser simplesmente pessoas, e não ‘pessoas trans’, como se fossemos uma espécie diferente dos outros.
Uma noite, enquanto tomávamos cerveja em minha casa, perdemos completamente a noção do tempo em meio a risadas e conversas animadas. Reunindo coragem, decidi que era hora de tocar no naquele assunto. Olhei nos olhos de Rachel e perguntei: “Por que você escolheu o nome Rachel?”
Ela me presenteou com um sorriso sereno antes de responder: “The Velvet Underground era a banda favorita do meu pai. Ele costumava ouvi-los quase todos os dias e, aos poucos, me ensinou a gostar deles também. Um dia, quando estava pesquisando sobre a banda no computador, descobri que o Lou Reed namorou uma garota trans chamada Rachel Humphreys. Foi a primeira vez que me deparei com a existência de pessoas transgênero, o que despertou em mim uma curiosidade que me levou a pesquisar mais e acabar descobrindo que eu também era uma garota trans. Foi por causa da Rachel que isso tudo começou, e por isso escolhi o nome dela.”
Meus olhos brilharam de emoção ao ouvir a história de Rachel. Aquele momento parecia uma confissão íntima de nossa jornada pessoal, e eu me sentia honrado por ela ter compartilhado aquele momento tão significativo comigo. Respondi, comovido: “É uma história linda.”
Curiosa, ela voltou sua atenção para mim e perguntou: “E você? Por que escolheu Jeremy?”
Respirei fundo, sentindo um misto de nervosismo e segurança ao me abrir daquela forma. “Bom… coincidentemente também tem a ver com música. Jeremy é minha música favorita do Pearl Jam. Durante a minha adolescência, essa música parecia falar diretamente comigo, sabe? Na escola, eu não tinha muitos amigos. Na verdade, eu não tinha nenhum. Os garotos me chamavam de ‘menina-macho’ e ‘joãozinho’ por causa do meu cabelo curto e do meu jeito. E meus pais pareciam não ligar para nada, o que só piorava as coisas. Cheguei até a me cortar nessa época, frustada comigo mesmo.”
Num momento de intimidade e nervosismo, puxei a manga da minha camisa para revelar a Rachel as cicatrizes em meu pulso. As lembranças dolorosas daquela fase da minha vida ressurgiram, e fiz o possível para conter as emoções que surgiram.
Odiava chorar, pois me sentia frágil quando derramava lágrimas. No entanto, algumas escaparam por minhas bochechas antes que eu pudesse secá-las rapidamente.
“Por isso escolhi Jemery para ser o meu novo nome.” Terminei, contendo o chodo
Rachel olhou para mim com ternura e compreensão em seus olhos. Ela estendeu a mão suavemente e enxugou uma das lágrimas que escorria. Em um gesto de conforto, ela disse: “Todos nós temos cicatrizes, mas as que demoram mais para curar são as que estão aqui.” E então colocou a mão em meu peito.
Após o desabafo emocional de Rachel, o clima na sala ficou carregado de uma tensão palpável. Eu sentia meu coração bater forte, misturando compaixão, desejo e uma pitada de inveja. Eu sabia que a linha entre a amizade e a sedução era tênue, mas algo dentro de mim ansiava por explorar essa fronteira.
O contato físico entre nós dois criou uma conexão íntima e eletrizante. Os sentimentos que eu guardava por Rachel começaram a se intensificar, misturando-se com a empatia que eu sentia por ela. Era difícil ignorar a tensão sensual que preenchia o ar, e uma parte de mim desejava explorar o terreno proibido entre nós.
Meus pensamentos se tornaram uma névoa de desejo quando a imagem de nossos lábios se encontrando apareceu em minha mente. Lutei contra a voz interior que me incentivava a prosseguir, mas, seduzido pela excitação e pela coragem alcoólica, deixei-me levar.
Fechei os olhos e inclinei meu rosto em direção a Rachel, buscando seus lábios com os meus. No entanto, o que aconteceu em seguida foi totalmente inesperado. Rachel afastou seu rosto e recusou o beijo, surpreendendo-me.
Ela soltou um suspiro frustrado e disse: “Desculpa, eu não posso. Eu tenho namorado, você sabe disso.”
Senti meu rosto queimar de vergonha, meu ato impulsivo agora parecia tolo e imprudente. Rapidamente, tentei me recompor e disse: “Me desculpa, eu não sei o que deu em mim.”
Rachel sorriu, mostrando que não estava irritada com minha tentativa de beijá-la. Ela respondeu: “Está tudo bem. Para falar a verdade, eu te beijaria se eu não tivesse namorado.”
Essa afirmação despertou um ciúme latente dentro de mim, e não pude deixar de perguntar ousadamente: “E por acaso ele é um bom namorado para você?”
Rachel hesitou por um momento, como se estivesse ponderando se deveria ou não compartilhar mais informações. Ela finalmente respondeu: “O Henry? Sim, ele é bom. Quer dizer, ele é o primeiro namorado que eu tive desde a transição.”
Percebi um tom de incerteza em sua voz, como se as palavras não refletissem completamente sua confiança. Rachel então se calou, mergulhando em seus próprios pensamentos.
Curioso e preocupado, perguntei: “O que houve?”
Ela hesitou por um instante antes de responder: “Bem, é que essa conversa me lembrou que a gente discutiu recentemente.”
Sentindo uma mistura de ciúme e genuína preocupação, continuei a questioná-la: “Sobre o quê?”
Rachel me olhou, parecendo questionar a si mesma se deveria entrar no assunto mais profundo que estava prestes a abordar. Finalmente, ela decidiu compartilhar: “Olha, o Henry é um cara bom, de verdade. Mas às vezes, quando estamos na cama, ele me trata de uma maneira… estranha.”
Intrigado, perguntei: “Estranha como?”
Rachel prosseguiu, ciente de que, quanto mais falava, mais mergulhava no assunto delicado: “Ele parece se concentrar demais… aqui embaixo.” Ela falou com desgosto, apontando para o meio de suas pernas. “… ele insiste em me chupar, mesmo eu dizendo que não me excita. Quando ele me come, ele insiste em ficar me tocando, e eu me sinto tão… masculina. Não me sinto como uma mulher, mas sim como um homem fazendo sexo com outro homem.”
Ela soltou um suspiro, consciente de que estava desabafando. Colocando sua cerveja na mesa de centro, ela se recostou no sofá como se estivesse exausta, não fisicamente, mas emocionalmente.
Rachel continuou: “Esta semana, ele sugeriu que invertêssemo. Ele queria que comesse ele. Eu recusei, e então tivemos uma discussão sobre o nosso relacionamento. E ele disse…” Seus olhos se encheram de lágrimas. “…que de nada adianta ele ter uma namorada com um pau se ele não pode aproveitar.”
Ela pegou a cerveja novamente e tomou um gole, buscando alívio temporário para suas emoções. Comovido com sua história, tentei confortá-la, enquanto minha visão de Henry começava a mudar.
Eu disse: “Bem, pelo menos você ainda faz sexo da maneira que você gosta. Eu nunca fiz sexo como… um homem. A única vez que fiz, um garoto da escola me comeu, e eu me senti horrível. Sei que dói na primeira vez, e depois você se acostuma, mas não foi a dor que me deu repulsa. Foi o sentimento que eu tive de ser penetrada. Isso não parecia… Natural para mim.”
Rachel desabafou novamente: “Eu só queria me livrar dessa coisa e finalmente acabar com essa história de me tratar como uma garota com um pau.”
As palavras de Rachel ecoaram em minha mente, provocando uma inesperada excitação. Aquela voz cheia de frustração e desejo desencadeou uma resposta incontrolável dentro de mim. Por um momento, todas as barreiras desapareceram e a verdade emergiu em meu coração.
Então eu disse: “Você quer se livrar e eu quero um. Seria bem mais fácil se a gente pudesse só trocar de genitália. Você fica com a minha e eu com a sua.”
Minhas palavras surtiram o efeito que eu tanto esperava. Rachel soltou uma risada, quebrando o clima pesado que havia se estabelecido. Seus olhos se iluminaram com um brilho inebriante enquanto ela contemplava a ousadia da minha proposta.
Ela disse: “É, seria bem mais fácil mesmo.” Em seguida, ela olhou as horas no celular. “Está ficando tarde, é melhor eu ir embora.”
Levei Rachel até a porta, e na hora de se despedir, ela me deu outro abraço caloroso. Nossos corpos se pressionaram com uma intensidade avassaladora, como se estivéssemos buscando uma fusão impossível.
“Obrigado pela noite de hoje, Jeremy. Foi maravilhoso conversar com você.” Ela disse, sua voz repleta de gratidão e uma pitada de desejo.
Agradeci de volta, meus lábios quase sussurrando as palavras em seu ouvido. Enquanto a observava se afastar, meu coração estava tomado por uma mistura avassaladora de emoções. Naquela noite, deitei-me na cama inundado de pensamentos sobre Rachel. Sua coragem para enfrentar seus desejos, suas lutas e medos, tudo isso me fascinava.
Contudo, meus pensamentos rapidamente foram consumidos por Henry, seu namorado. Ciúmes se acenderam dentro de mim, incendiando meu corpo com indignação e raiva. Como ele poderia tratá-la daquele jeito? Era como se ele a visse apenas como um objeto de prazer, um fetiche a ser saciado. Essa injustiça despertou uma necessidade ardente de protegê-la, de ser o porto seguro que ela tanto merecia.
Esses sentimentos turbulentos dominaram minha mente, e a fúria se misturou com a incontrolável excitação que Rachel havia despertado em mim. Envolvido por essa confusão de desejos, finalmente me entreguei ao sono.
…
O mês de junho chegou trazendo consigo a festa junina do nosso condomínio, e, mesmo não sendo meu costume participar, Rachel estava animada e insistiu para que eu a acompanhasse. Mesmo contra a minha vontade, aceitei, pois seria mais uma oportunidade de estar ao lado dela.
No dia da festa foi que tudo ficou mais interessante. Vesti uma camisa xadrez verde, calça jeans, cinto de fivela e botas, enquanto desenhava um bigode no meu rosto. Sentia-me eufórico com tudo aquilo. Ao chegar no playground do prédio, encontrei Rachel e fiquei admirado com sua aparência deslumbrante.
Ela usava uma saia xadrez preta, combinada com uma camisa vermelha amarrada na parte inferior, deixando sutilmente parte de sua barriga à mostra e alguns botões abertos encima, revelando um decote tentador. O sorriso em seu rosto denotava a felicidade de poder se vestir assim em público, e eu sabia que ela estava feliz com isso, pois eu me sentia igual.
Rachel estava acompanhada de seu namorado, Henry, aquele que eu nutria um desgosto desde aquela fatídica noite. Ao vê-los juntos, percebi que ele não parecia ser muito diferente do que Rachel havia me contado. No entanto, não permiti que isso afetasse minha diversão.
A festa estava repleta de jogos, comidas e bebidas. Começamos a nos divertir e nos aquecer com um pouco de quentão naquela noite fria. Porém, em certo momento, tive que subir para meu apartamento e usar o banheiro. Ao retornar, avistei Rachel discutindo novamente com Henry. Não sabia do que se tratava, mas o semblante abatido de Rachel evidenciava que sua autoestima estava sendo afetada.
Foi quando ouvi Henry dizer com desdém: “Fecha essa camisa, Rachel. Isso está ridículo, dá para ver o seu pomo de Adão.”
Olhei nos olhos de Rachel e presenciei a quebra de seus sentimentos diante de mim. O ódio fervilhou em meu interior, alimentado também pelo efeito da bebida, e eu novamente encontrei coragem para agir.
Marchei até eles e, da forma mais máscula e intimidadora que pude ser, gritei: “Ei, seu babaca! Por que você não larga de ser um imbecil e começa a respeitar sua mulher, pelo menos uma vez?!”
Henry me olhou com desdém e respondeu: “Cala a boca e não se meta!” Em seguida, empurrou-me com força.
Ainda que o empurrão tenha sido leve, foi o suficiente para desencadear uma fúria bárbara em mim. Com os punhos cerrados, desferi um golpe direto na boca de Henry, cortando seu lábio inferior e fazendo jorrar um fio escarlate pelo ar enquanto ele recuava. Naquele momento, senti que não estava apenas socando Henry, mas também todos os garotos e garotas que um dia zombaram de mim por ser quem eu era.
O som do soco ecoou, capturando a atenção de todos na festa, fazendo até mesmo a quadrilha parar. Não demorou para que Henry revidasse com um soco certeiro em meu nariz, fazendo-me cair ao chão.
Nós dois começamos a nos engalfinhar, rolando no chão no meio da festa. Lutava não apenas pela honra de Rachel, mas também pela minha própria, pois se ele desrespeitava a ela, também me desrespeitava.
A briga cessou quando Rachel empurrou Henry para longe de mim. Pessoas se aproximaram, ajudando-me a levantar. Rachel ficou entre mim e Henry, impedindo-o de me atacar novamente.
Com voz firme, Rachel gritou: “Nunca mais encoste um dedo no Jeremy, tá me ouvindo?!”
Enquanto observava Rachel me defender, senti o gosto metálico do sangue inundando meus lábios. Percebi que escorria do meu nariz.
Rachel se virou para mim e notou meu estado, enquanto todos nos observavam. Ela segurou minha mão e disse: “Vem comigo, vou cuidar de você.” Em seguida, voltou-se para Henry e proferiu as palavras finais: “Vá para casa, Henry. Acabou tudo entre nós.”
Na casa de Rachel, ela me levou até o banheiro, onde limpou o sangue do meu rosto. Enquanto colocava o algodão em minhas narinas, ela me tranquilizou: “Não parece que está quebrado, o sangramento vai parar logo.”
Com um sorriso sacana no rosto, eu provoquei: “Gostou de me ver brigando? Eu adorei, me senti bem másculo, arrumando briga.”
Rachel deu uma risadinha, mas balançou a cabeça, desaprovando minhas ações, enquanto continuava cuidando dos meus curativos. Ela disse: “Onde você estava com a cabeça? Poderia ter sido muito pior do que um nariz sangrando.”
Eu respondi: “Eu não podia deixá-lo te tratar daquela forma. Você merece algo melhor.”
Então, com um olhar curioso, Rachel perguntou: “Como você?”
Meu coração disparou com a pergunta direta. Engoli em seco, ainda sentindo o gosto do meu sangue na boca, e tomei coragem para responder: “Sim, como eu.”
Rachel sorriu levemente e finalizou o curativo no meu rosto. Em seguida, disse: “Lembra quando conversamos sobre isso? Você disse que se eu não tivesse namorado, me beijaria, não foi?”
Naquele mkmento, era possível sentir a mudança de pressão no ar, uma tensão quade elétrica tomava conta de nós dois novamente, e começamos a ser atraídos um pelo outro de forma quase magnética. Eu acenei com a cabeça em afirmativa, sem conseguir desviar meus olhos dos dela. E então Rachel sussurou: “Bom, eu não tenho mais um namorado, então acho que isso aqui agora te pertence.”
Rachel fechou os olhos e me beijou nos lábios. A sensação dos seus lábios contra os meus fez com que meu corpo derretesse por completo. O calor do momento envolveu-nos numa atmosfera de desejo e paixão. Um beijo intenso que quase me sufocou, já que eu estava com minhas narinas tampadas de algodão. Mesmo assim, eu parecia não ligar.
A cada toque dos seus lábios, uma faísca se acendia em mim, espalhando-se pelo meu corpo. Nossas mãos se entrelaçaram, enquanto o beijo se aprofundava. Era como se, naquele momento, estivéssemos rompendo as barreiras que nos separavam.
Com as mãos trêmulas, deslizei suavemente os dedos pelo rosto de Rachel, explorando cada contorno e sentindo sua pele macia sob meus toques. Nossos corpos se aproximaram, fundindo-se em um abraço apaixonado.
Os lábios de Rachel se separaram dos meus com um suspiro suave, deixando no ar a sensação de eletricidade entre nós. Seus olhos brilhavam com uma mistura de desejo e ternura, revelando o próximo passo em nossa jornada. “Eu tenho uma coisa pra você.” Ela segurou minha mão delicadamente e me conduziu até seu quarto, onde a atmosfera se enchia de antecipação.
Com um gesto delicado, Rachel me fez sentar na cama enquanto ela abria seu armário. A cada movimento, minha excitação crescia ainda mais. Ela revirou o fundo de uma gaveta até encontrar o objeto que havia guardado cuidadosamente. Meus olhos se fixaram no cintaralho, um cinto com um dildo de silicone preto acoplado, com cerca de 18 centímetros.
Ao entregar-me o cintaralho, Rachel compartilhou seus pensamentos e desejos mais íntimos. “Eu sempre guardei isso, achando que iria usá-lo com uma garota. Nunca imaginei que pudesse utilizar com um homem”, confessou ela. Seu gesto demonstrava uma entrega genuína e um desejo de me satisfazer.
Tomado pela emoção do momento, lágrimas brotaram em meus olhos. A gentileza de Rachel tocou meu coração de uma maneira profunda e significativa. Agradeci com voz embargada: “Obrigado.” Nossos lábios se encontraram novamente em um beijo cheio de gratidão, selando nosso vínculo cada vez mais forte.
O calor dos nossos lábios entrelaçados nos impulsionou a explorar territórios desconhecidos. Enquanto nos beijávamos apaixonadamente, minhas mãos trêmulas desabotoaram a minha camisa. A ansiedade tomava conta de mim, pois há muito tempo eu não experimentava essa intimidade com outra pessoa, especialmente desde que descobri minha verdadeira identidade.
A camisa deslizou pelos meus ombros, revelando minha pele exposta, mas ainda com o binder que cobria os meus seios, impedindo eles de se libertarem. Sentindo-me inseguro, reuni coragem para compartilhar meus receios com Rachel. “Se você não se importar, eu gostaria de continuar usando isso”, confessei, indicando o binder em meu peito.
Com um gesto gentil, Rachel segurou meu rosto entre as mãos, transmitindo conforto e segurança com seu olhar compassivo. Não foi necessário nenhuma palavra, pois ela entendia meus motivos e respeitava minha necessidade de autoafirmação. Voltamos a nos beijar, mergulhando na conexão emocional que nos unia.
Enquanto nossos corpos buscavam um ao outro, Rachel começou a desabotoar sua própria camisa, revelando um sutiã delicado que prendia seus seios. Em um sussurro provocativo, ela sugeriu: “E se você não se importar, eu gostaria de tirar o meu.”
A resposta dela, carregada de brincadeira e provocação, despertou uma mistura de excitação e desejo dentro de mim. Com um sorriso cúmplice, assenti, indicando que estava pronto para prosseguir nessa descoberta mútua.
Enquanto Rachel se desfazia do sutiã, seus seios médios e firmes revelaram-se diante dos meus olhos famintos. Eu podia sentir o crescimento natural que eles haviam passado antes da cirurgia. Eram lindos, como tudo o que havia em Rachel.
Guiado pela excitação e pela curiosidade, levei minha boca dos seus lábios aos mamilos, iniciando um ritual de beijos e mordiscadas suaves. Cada toque era carregado de cuidado e intenção, estimulando os primeiros suspiros de prazer em Rachel. Meus lábios e língua percorriam seu peito, explorando cada centímetro de sua pele sensível.
A medida que eu me dedicava a cada carícia, podia sentir o corpo de Rachel reagindo a cada estímulo. Seus suspiros se intensificavam, misturando-se ao ar carregado de erotismo que nos envolvia. A conexão entre nós aumentava a cada instante, enquanto explorávamos juntos os caminhos do prazer autêntico.
A sensação de prazer compartilhado nos envolvia em uma dança erótica de satisfação. Nossos corpos se entregavam às sensações, respondendo aos estímulos de forma harmoniosa e apaixonada. Eu me perdia nos detalhes e nuances da pele de Rachel, absorvendo cada reação, cada gemido e cadamovimento de seu corpo em resposta às minhas carícias.
O clima eletrizante pairava no ar enquanto eu me levantava e me despia, de costas para Rachel. A sensação de liberdade e antecipação pulsava em minhas veias. Em seguida, amarrei o cintaralho em minha cintura, experimentando uma mistura estranha e eufórica ao segurar um pênis em minhas mãos, que, pelo meu ponto de vista, parecia ser o meu próprio. Aquela experiência me deixava animado e extremamente excitado.
Ao me virar, deparei-me com Rachel já completamente nua, suas pernas cruzadas escondendo o que ela preferia manter em segredo. Curioso, perguntei: “O que achou?” mostrando o cintaralho para ela.
Rachel respondeu com um sorriso sacana: “Está perfeito. Por que você não vem me comer logo?” Sua voz carregava um tom de desejo e provocação irresistíveis. Ela se virou, exibindo sua bunda macia e generosa, convidando-me a penetrá-la.
Sem hesitar, aproximei-me dela, beijando sua nuca e seus ombros, envolvendo-me em seu aroma delicioso e cativante. A paixão nos envolvia, aumentando a intensidade de cada toque.
No momento em que eu me preparava para enfiar o dildo entre suas nádegas, Rachel interrompeu abruptamente: “Espera!” Fiquei surpreso e paralisado, enquanto ela se arrastava até a mesa de cabeceira e pegava um frasco de lubrificante.
Com uma expressão ansiosa, Rachel explicou: “Precisa passar isso, em você e em mim.” Por um breve instante, a empolgação quase nos fez esquecer do básico.
Seguindo suas instruções, espalhei um pouco no dildo e também entre suas nádegas, sentindo a textura suave em meus dedos ao tocar seu orifício. Ela suspirou, demonstrando um relaxamento excitado, aguardando ansiosamente.
Sem hesitação, comecei a empurrar o dildo para dentro dela, fazendo Rachel se contorcer em um espasmo que misturava dor e prazer. Preocupado, perguntei: “Desculpe, está te machucando?”
Com os lábios entreabertos, ela mordeu o lábio inferior e respondeu: “Está tudo bem, sempre dói um pouco no começo. Continue, vá fundo.” E então me beijou novamente. Seu beijo confirmou a confiança que depositava em mim.
Determinado a proporcionar prazer e conforto, continuei a penetrá-la lentamente, permitindo que ela se acostumasse com cada avanço.
A medida que eu me aprofundava, o prazer aumentava gradualmente, levando-nos a um estado de êxtase mútuo. As sensações se entrelaçavam, fazendo com que nossos corpos se movessem em perfeita sincronia, buscando a plenitude do prazer.
Movendo-me de forma inexperiente, comecei a explorar aquele novo prazer, meus quadris movendo-se para frente e para trás em um ritmo lento e gradual. Embora não fosse exatamente eu que a penetrava, a sensação de conexão era tão intensa que eu sentia estar penetrand-a. Eu me entregava ao momento, entregando-me a ela com cada movimento.
Rachel começou a gemer, inicialmente de forma contida, assim como meus movimentos. No entanto, à medida que ganhava confiança, seu prazer transbordava, preenchendo o quarto com sua voz sedutora e extasiante. Deitamo-nos juntos, e ela se virou para que pudéssemos continuar de conchinha. Dessa forma, compartilhávamos beijos apaixonados enquanto eu continuava a explorá-la.
Enquanto segurava seus seios, sentindo sua maciez em minhas mãos, perdíamo-nos em um frenesi de beijos, sussurros provocantes e carícias. Posteriormente, trocamos novamente de posição. Rachel veio por cima de mim, sentando em meu colo. Desta vez, não havia mais segredos, seu pênis estava exposto e flácido entre nós dois. Ela pareceu envergonhada, pedindo desculpas, mas eu a consolei imediatamente.
“Está tudo bem, não me importo.” Minhas palavras foram seguidas por um beijo, transmitindo a ela todo o conforto e aceitação que eu podia oferecer.
Sem demora, Rachel começou a quicar no dildo, enquanto nossos lábios ainda se uniam em beijos apaixonados. Ela intercalava nossas trocas de carícias com gemidos crescentes de prazer. Eu sentia que ela estava se aproximando do ápice de sua excitação.
Com a voz trêmula, ela anunciou: “Ah… Jeremy… Eu estou… Eu estou quase gozando…”
Segurando seu rosto, olhando profundamente em seus olhos, transmiti-lhe toda a segurança que eu podia. Respondi com certeza: “Está tudo bem, pode gozar.”
Percebi em seus olhos a sensação de segurança e liberdade para se entregar completamente ao êxtase. E então, ela se libertou.
Algumas gotas escaparam, lambuzando minha barriga, mas aquilo era insignificante em comparação com o prazer compartilhado. Deitamo-nos juntos novamente, envolvendo-nos em um beijo apaixonado. Naquele momento, eu sabia que Rachel era a paixão da minha vida e que toda a luta valeu a pena.
Com a voz ainda trêmula, ela confessou: “Eu nunca havia gozado desse jeito.”
Curioso, perguntei: “Desse jeito como?”
Ela respondeu, com um sorriso sincero: “Desse jeito tão… natural.”
Nossos corpos permaneceram entrelaçados, respirando em sintonia enquanto nos recuperávamos do ápice do prazer. Cada toque, cada beijo e cada suspiro compartilhado haviam transcendido os limites físicos, levando-nos a um nível de conexão íntima e emocional que jamais poderíamos imaginar.
Enquanto contemplávamos o silêncio do quarto, percebi que o amor e a aceitação que tínhamos um pelo outro eram uma força poderosa. Estávamos explorando nossos desejos mais profundos, descobrindo juntos um novo caminho de intimidade e prazer. O mundo lá fora parecia distante e insignificante em comparação com a nossa união.
Abraçamo-nos, desfrutando da proximidade e do carinho mútuo. Naquele momento, sabíamos que havíamos encontrado uma conexão profunda que transcendia rótulos e convenções. Éramos dois seres humanos explorando o amor e a intimidade em todas as suas formas.
Enquanto o cansaço da paixão tomava conta de nós, adormecemos abraçados, nossos corpos entrelaçados como símbolo de uma ligação eterna. No silêncio da noite, nossos sonhos se fundiram, traçando um futuro repleto de descobertas, aceitação e prazer compartilhado.
E assim, em meio às sombras e ao calor de nossos corpos entrelaçados, adormecemos com a certeza de que havíamos encontrado o amor em sua forma mais autêntica.