De Repente, Corno. Epílogo.

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Malu:

— Chega. Não há mais o que discutir. Malu, assine os papéis ou vamos para o litigioso. Você escolhe. Você só continua me machucando, me ferindo. Isso não é amor, não tem como ser … não encerre nossa história dessa forma, me obrigando a …

Após implorar, me jogar aos seus pés, tentar segurá-lo, as palavras do Fabiano ficaram gravadas em meu coração. Eu não tinha o direito de continuar machucando o homem que eu dizia amar.

Mesmo que parecesse calmo, no controle da situação, eu podia ver a dor e a humilhação em seus olhos. Peguei a caneta com minhas mãos trêmulas e finalmente assinei.

Fabiano recolheu os papéis, falou mais alguma coisa com Cecília e saiu, andando sem olhar para trás. Seus passos decididos me deram a certeza de que era definitivo.

Cecília me abraçou, tentando me consolar, mas seu olhar foi direto e honesto.

— Malu, eu estou aqui, jamais a abandonaria, mas o que você fez com Fabiano foi imperdoável. Não posso defender suas ações.

Eu senti uma pontada de culpa e vergonha.

— Eu sei … — Sussurrei. — Eu errei tanto.

Cecília segurou minhas mãos, tentando me levantar do chão.

— Você precisa enfrentar as consequências. Fabiano tem o direito de ir embora. Ele não merece mais sofrer por sua causa.

Seus olhos brilhavam com lágrimas, mas sua voz era firme.

— Eu estou aqui para você, Malu. Sempre estarei. Mas você precisa reconhecer seu erro e crescer. Toda dor é também uma oportunidade, um aprendizado para que possamos fazer melhor na próxima.

Sua honestidade me fez refletir sobre meus atos. Eu sabia que tinha uma longa jornada de arrependimento e crescimento pela frente.

Cecília me levantou do chão e nós seguimos em silêncio pelo cais. O som das ondas e do vento preenchendo o vazio entre nós. Ao chegarmos ao carro, Cecília quebrou o silêncio:

— Vamos para casa. Você precisa descansar.

Eu assenti, sentindo o peso da realidade. No caminho, o olhar de Cecília encontrou o meu:

— Malu, você vai superar isso. Eu sei que vai.

Lágrimas brotaram novamente, mas dessa vez, havia esperança.

Chegamos à casa de Cecília. O aconchego e a tranquilidade do ambiente me envolveram. Ela me guiou até o quarto:

— Descanse. Tente dormir um pouco. Amanhã é outro dia.

Eu me deitei, sentindo gratidão por sua amizade incondicional. O sono não veio rápido. A culpa e o arrependimento me torturavam. Eu sabia que o amanhã seria apenas o início de uma longa jornada.

O sol ainda não tinha nascido e eu estava cansada de revirar na cama. Juntei o pouco que me restava de dignidade e deixei um bilhete para Cecília antes de sair:

“Obrigada! Eu não sei o que seria de mim sem você. Estarei em casa, preciso voltar”.

Cecília ainda dormia e eu pedi um carro de aplicativo. Não demorei a chegar.

Abri a porta, hesitante. O silêncio era opressivo.

— Fabiano? — Chamei, sabendo que não receberia resposta.

Nada. Apenas silêncio.

Caminhei pelo corredor, sentindo o vazio. As lembranças do casamento ecoavam em cada canto: retratos nas paredes, móveis que escolhemos juntos … O quarto estava intocado, sem sinais dele. A maioria de suas coisas ainda estava ali, como roupas e calçados, mas as mais importantes ele tinha levado consigo. Assim como, seus gadgets pessoais e roupas preferidas.

Uma pontada de dor me atingiu. Caí no sofá, chorando. Nosso casamento havia acabado e a culpa era totalmente minha. Fabiano não voltaria.

Foram quatro dias de dor e apatia, lamentação e arrependimento por minhas escolhas e decisões. Havia também muita autocomiseração e nenhum sinal de recuperação.

As mensagens de Cecília se acumularam e, as poucas que eu respondia, fazia de forma monossilábica. Sim, não, ok …

Voltei ao trabalho alguns dias depois, sem desculpas para me esconder. A dor ainda era intensa, mas eu precisava enfrentá-la. Talvez, focando nos projetos a terminar, conseguisse diminuir o peso que comprimia meu peito.

Cecília me aguardava na porta da minha sala, com olhos compreensivos.

— Como você está? — Ela perguntou, preocupada comigo, sem julgamento.

Sua empatia foi um bálsamo para minha alma ferida.

— Temos muita coisa para fazer. Podemos começar? — Sugeri, tentando esconder minha vulnerabilidade.

Com sua ajuda, consegui produzir o mínimo necessário, apesar da concentração difícil. Minha mente ainda estava presa nas lembranças dolorosas.

Poucos dias depois, recebi um e-mail do RH: estava sob investigação em um processo administrativo e disciplinar. Minha respiração travou. Uma denúncia anônima, recheada de provas, me acusava de violar regras ao me envolver com um cliente. Meu coração afundou. Sabia que havia errado.

Cecília permaneceu ao meu lado, me defendendo com lealdade. Minha honestidade e disposição em assumir responsabilidade renderam uma advertência e multa pesada nos bônus daquele contrato. Dos males, o menor. Pelo menos consegui manter meu emprego.

Duas semanas depois, ao retornar para aquela casa vazia, encontrei um bilhete e a aliança de Fabiano, o símbolo do nosso amor, no aparador do corredor de entrada. Era definitivamente a certeza do fim.

Como nada é tão ruim que não possa piorar, naquela mesma noite, chegou uma mensagem desesperada, de um número desconhecido:

“Malu, preciso de ajuda. Sou eu, Reinaldo. Todos me viraram as costas. Só tenho você para contar. Estou desesperado, meu amor. Por favor, me ajude”.

Senti meu estômago revirar. A audácia dele me deixou sem fôlego. Ele me manipulou, destruiu a minha vida e agora pedia por ajuda? Como ele podia ser tão insensível?

Bloqueei o número, sem hesitar. Assim como fizera com o outro. Ele não merecia minha atenção. Não merecia minha dor.

Chorei e me lamentei durante toda aquela noite, sentindo que havia chegado ao fundo do poço. Poço que eu cavei com minhas próprias mãos.

Saindo do escritório no dia seguinte, após evitar Cecília durante todo o expediente, lhe dando tarefas que a manteve afastada de mim, ainda tremendo de raiva e frustração, o dia estava findando, e o sol se punha sobre a cidade. Cecília se aproximou, percebendo meu estado.

— Malu, o que aconteceu? Você está bem? — Ela perguntou, preocupada.

— Sim, estou bem. — Menti, forçando um sorriso.

Cecília não se convenceu.

— Vem comigo. Vamos lá pra casa. Eu te conheço, não quero te deixar sozinha.

Acabei contando para ela sobre a aliança e o bilhete de Fabiano, a mensagem de Reinaldo, e nós caminhamos em silêncio até o estacionamento. Ao chegarmos ao carro, Cecília me deteve.

— Malu, falo sério. Eu não quero que você fique sozinha hoje. Fica comigo por um tempo. Ficar naquela casa sozinha não está te fazendo bem.

Olhei para ela, surpresa.

— Cecília, não preciso…

— Não é questão de precisar … — Ela me interrompeu, sorrindo. — Vem comigo. Eu quero cuidar de você. Vamos deixar essa dor para trás, pelo menos por hoje.

Cecília sempre foi muito carinhosa comigo, mas naquela noite, seus cuidados e atenção estavam redobrados. Ela me observava com uma intensidade que me fazia tremer.

— Malu, você não está bem. Não precisa tentar ser forte ao meu lado. — Disse ela, suavemente. — Me deixe ajudar.

Eu sorri, forçadamente.

— Você já faz tanto, Cecília. Não precisa …

Ela se aproximou, seu rosto refletindo preocupação.

— Não é apenas amizade, Malu. É mais … — Sua voz tremia. — Eu te amo, Malu. Há muito tempo.

Meu coração pulou.

— Cecília …

— Eu sei, eu sei … — Ela interrompeu. — Você estava casada, feliz e eu respeitei isso. Mas agora …

Cecília me olhou com paixão, uma ternura imensa:

— Quando você se declarou bissexual e me convidou para “fazer parte da sua vida”, eu não pude resistir. Queria estar perto de você, mesmo que fosse apenas como amante, como diversão.

Lágrimas encheram meus olhos.

— Cecília, eu …

— Não precisa dizer nada. — Disse ela, gentilmente. — Eu apenas queria ser honesta. Você merece saber.

Fiquei em silêncio, processando meus sentimentos. Cecília sempre estivera lá por mim, forte e leal.

— Eu sinto algo por você também, Cecília … Você é especial — Confessei, timidamente. — Mas não sei se …

Cecília sorriu, esperançosa, me interrompendo outra vez.

— De verdade?

Assenti.

— Sim. De verdade.

Ela se aproximou, nossos lábios se encontrando em um beijo suave. Pela primeira vez em meses, senti paz.

Vendo como eu ainda estava vulnerável, sofrendo, ela apenas se manteve carinhosa e paciente, não forçando qualquer envolvimento físico. Ela não sabia que eu também queria, mas eu não conseguia ser honesta, saber se estava apenas tentando preencher o vazio em meu coração.

Dois dias depois, eu me arrastei até o cartório, Cecília ao meu lado, oferecendo suporte silencioso. O fim da minha vida com Fabiano estava prestes a se concretizar. Ao entrar, ele me esperava, seu olhar frio e distante. Os advogados nos guiaram pelos procedimentos rápidos e impessoais.

Olhei para Fabiano uma última vez, lembrando-me do amor que compartilhamos. Agora, apenas formalidades. Ele parecia aliviado, enquanto eu lutava para manter a compostura. A casa, nosso último vínculo, era minha agora. Um lembrete amargo.

— Assine aqui. — Disse o advogado dele, interrompendo meus pensamentos.

Assinei, sentindo um peso se erguer. Fim.

Assim que Fabiano saiu, Cecília me abraçou, discreta.

— Você está livre agora, Malu. Sei que não era o que você queria, mas é assim que as coisas são. Lembre-se: Toda a oportunidade pode se transformar em um recomeço.

Lágrimas silenciosas escorriam pelos meus olhos.

{…}

Fabiano:

Eu fechei o armário, observando Luana, radiante, escolhendo roupas para nossa viagem ao litoral de Alagoas. Seus olhos brilhavam ao selecionar cada peça.

— Pronta para nós nos perdermos em Fernando de Noronha? — Perguntei, abraçando-a.

Luana sorriu, se virando para mim.

— Estou mais do que pronta. Você agora está livre, Fabiano. O divórcio está feito.

Seus lábios encontraram os meus, apaixonados. Eu senti um alívio imenso, deixando o passado para trás. Minhas mãos percorreram seu corpo, sentindo sua pele quente.

— Vamos esquecer tudo e começar nossa vida juntos. — Sussurrei em seu ouvido, olhando fundo em seus olhos depois.

Luana me puxou, intensificando o beijo. O mundo ao nosso redor desapareceu. Só existíamos nós dois, prontos para construir nosso futuro.

No avião, Luana apoiou a cabeça em meu ombro, olhando pela janela enquanto o céu azul se estendia diante nós.

— Como era Malu antes? — Ela perguntou, curiosa.

Senti um arrepio. Lembrei-me da Malu feliz, vibrante, antes da traição.

— Era uma mulher linda, intensa e apaixonante. — Respondi com sinceridade, suspirando. — Sempre cheia de vida.

Luana virou-se para mim, seus olhos suplicantes

— O que aconteceu? Você já entendeu?

Engoli em seco, revivendo a dor.

— Quem sabe? As pessoas mudam, criam novos objetivos … sinceramente, não faço ideia. Sei que dei o melhor de mim.

Luana acariciou minha mão.

— Você está aqui agora. Comigo.

Seu toque me confortou. Deixei o passado para trás, focando no nosso futuro.

Olhei para Luana, admirando sua beleza interior e exterior.

— As coisas acontecem como devem. — Eu disse, refletindo. — Se Malu não tivesse me traído, eu nunca teria te conhecido.

Luana sorriu, apertando minha mão.

— Eu também pensei nisso. — Ela confessou. — Mas talvez, nosso caminho fosse se cruzar de qualquer maneira, independentemente do que aconteceu.

Aproveitei para brincar com ela:

— E então, o traidor seria eu. Como resistir a você?

Seus olhos brilhavam com sinceridade, e um sorriso debochado apareceu. Eu senti gratidão e voltei a falar sério.

— Estou aqui, agora, contigo. — Eu disse, puxando-a para mais perto. — E isso é tudo que importa.

Ao desembarcar em Fernando de Noronha, nossa conexão se intensificou. Passamos dias explorando praias de areia branca, nadando em águas cristalinas e admirando o pôr-do-sol deslumbrante.

Lembro-me da noite em que dançamos sob as estrelas, na Praia do Sancho. Luana ria, seus olhos brilhando, enquanto eu a girava ao som da música local.

No outro dia, fizemos um passeio de barco até a Ilha do Meio, onde nadamos entre tartarugas marinhas. Luana se emocionou ao tocar uma delas.

Ao retornarmos, a realidade nos aguardava. Voltamos à rotina: trabalho, compromissos e responsabilidades. Mas nossa conexão permanecia forte.

— Nossa viagem foi mágica. Pareceu uma lua de mel. — Disse Luana, ao se despedir para o trabalho.

— É só o começo. — Respondi, beijando sua boca. — Nossa vida juntos será ainda mais incrível.

Alguns meses se passaram e minha vida com Luana se estabilizava cada vez mais. Eu não achava que deveria esperar mais. “Não é o tempo, e sim a pessoa”, diz o ditado.

A vida seguiu, mas independentemente das nossas escolhas, ela sempre encontra um jeito de nos surpreender, de nos fazer encarar os fantasmas do passado.

Eu e Luana estávamos comemorando, o restaurante iluminado apenas por velas, com música suave ao fundo. Nós compartilhávamos um jantar romântico, mãos dadas, quando a porta se abriu e Malu entrou e seu olhar encontrou o meu.

Ela estava deslumbrante em um vestido preto, simples, mas elegante, que realçava sua silhueta. O tecido sedoso cintilava à luz das velas, destacando seus ombros delicados. O decote sutil revelava apenas um toque de sofisticação. Seus cabelos negros estavam presos em um coque discreto, enfatizando seus olhos profundos. A elegância natural de Malu era inegável, mesmo naquele momento de desconforto.

Nossa mesa ficava perto da entrada e seu olhar hesitou, surpreso. Eu senti um arrepio.

Luana percebeu minha tensão e apertou minha mão.

Malu se aproximou, elegante, mas com uma sombra de incerteza.

— Fabiano … Luana. — Ela disse, com a voz falhando.

— Malu! — Respondi, formalmente.

O silêncio foi desconfortável. Luana quebrou o gelo:

— Malu, tudo bem?

— Ah, sim, estou. — Malu respondeu, forçando um sorriso. — Vocês … também?

Seu olhar triste pousou em Luana, depois em mim. A tensão era palpável.

— Sim, estamos. Obrigado por perguntar. — Eu disse, tentando manter a calma.

Malu parecia querer dizer alguma coisa, mas se calou, despediu-se rapidamente, dirigindo-se à sua mesa.

Luana me observava, preocupada.

— Tudo bem? É a primeira vez desde o divórcio, não é?

Assenti, tentando esconder a emoção.

— Tudo bem, sim. É verdade.

Cecília entrou logo em seguida, confiante. Surpresa ao nos ver, ela veio falar conosco.

— Ei, Fabiano! Luana! — Ela nos cumprimentou com beijos no rosto.

— Oi, Cecília! Há quanto tempo.

Sorridente, ela disse.

— Tudo bem com vocês?

— Sim, tudo bem. — Respondeu Luana, devolvendo o sorriso

Olhei para Cecília, curioso. Precisava perguntar.

— E Malu? Como ela está, realmente?

Cecília hesitou, escolhendo as palavras.

— Ela está se reconstruindo, se curando, Fabiano. Ainda dói, mas ela está aprendendo a se perdoar também.

Seu olhar encontrou o meu, sério.

— Ela merece ser feliz novamente. — Disse Cecília.

Fiquei em silêncio, refletindo sobre minhas escolhas passadas. Luana apertou minha mão, discretamente.

Olhei para Cecília, para Luana e disse com sinceridade.

— Sabe, apesar de tudo, as pessoas merecem recomeçar. Ninguém é definido apenas por seus erros.

Luana concordou, compreensiva.

— Pensei muito sobre Malu. — Continuei. — Ela me fez sofrer, mas é uma boa pessoa. Merece encontrar alguém que a ame verdadeiramente, sem julgamentos. — Pisquei para Cecília, demonstrando que sabia mais do que ela esperava.

Cecília sorriu, concordando.

— Malu está encontrando seu caminho. E você, Fabiano, também merece ser feliz.

Luana me abraçou.

— Estou aqui para isso.

Sorri, sentindo gratidão.

— Eu sei. E estou grato.

Me casei com Luana seis meses depois e com o apoio de Adriana, também uma sócia, abrimos nossa própria empresa. Éramos parceiros em tudo, na vida e nos negócios. Adriana se tornou uma boa amiga e nós a visitávamos com frequência.

Fui traído, sofri, me vinguei, mas também me recuperei. A vida é assim, uma montanha-russa de emoções. Ninguém sabe quando estará por cima ou por baixo.

{…}

Malu:

Ao entrar no restaurante, meus olhos encontraram Fabiano. Ele estava com Luana, mãos dadas, em um jantar romântico. Meu coração parou. A surpresa e a dor misturaram-se em meu peito.

Eu me aproximei, tentando manter a elegância, apesar da turbulência interna.

— Fabiano … Luana. — Eu disse, com a voz tensa, tentando esconder a emoção.

O silêncio foi desconfortável. Luana quebrou o gelo, perguntando se eu estava bem. Minha resposta automática:

— Sim, estou.

Meu olhar pousou em Luana, depois em Fabiano. Ele parecia feliz. Isso me doeu mais do que eu imaginava.

Despedi-me rapidamente e me dirigi à minha mesa, sentindo-me perdida e sozinha. Cecília chegou logo depois, cumprimentando-os. Eu a vi conversando com Fabiano sobre mim.

Observando de longe, percebi que Fabiano ainda se importava. Ele queria meu bem. Isso me deu forças para pensar em seguir em frente. Talvez eu pudesse mesmo recomeçar.

Cecília se sentou à nossa mesa, percebendo meu estado emocional.

— Malu, como você está? Não deve ser fácil … — Ela perguntou, preocupada.

Suspirei, liberando a tensão.

— É como se a ferida em meu coração tivesse sido reaberta. Não consigo entender por que ainda sinto isso. É difícil ver ele feliz com outra pessoa.

Cecília segurou minha mão.

— Fabiano sempre quis o seu bem, mesmo após tudo. Ele não consegue te odiar.

Olhei para ela, surpresa.

— Mesmo após a minha traição?

Cecília concordou.

— Sim. Mesmo após a traição. Ele falou sobre recomeçar, sobre perdoar. Ele quer que você seja feliz.

Lágrimas brotaram. Eu não conseguia me perdoar.

— Eu não mereço.

Cecília me abraçou.

— Todos merecem uma segunda chance, Malu. Aprenda a se perdoar também.

Cecília e eu pedimos o cardápio, ansiosas por mudar de assunto.

— Risoto de cogumelos e frango grelhado? — Eu disse, olhando para Cecília.

— Perfeito! Eu quero o mesmo. — Ela concordou, sorrindo.

Enquanto aguardávamos, vimos Fabiano e Luana deixando o restaurante. Foi a última vez que o vi. Cecília falou sobre coisas aleatórias e contou piadas para me distrair. Sua alegria era contagiante. Eu sorri, sentindo-me mais leve.

Quando o vinho chegou, Cecília levantou sua taça.

— Às novas fases, Malu. À felicidade.

Meus olhos encontraram os dela.

— Às segundas chances? — Eu disse hesitante, tocando minha taça na dela.

Cecília me olhou intensamente.

— Você merece, Malu. Não deixe o passado definir seu futuro.

Eu senti um arrepio.

— Ainda penso nele. — Confessei.

Cecília segurou minha mão.

— E por um tempo, ainda será assim. Mas você tem uma escolha agora. Uma escolha para ser feliz.

Seu toque me aqueceu. Olhei para ela, surpresa.

— Eu quero ser feliz. Outra vez. — Eu disse, minha voz firme.

Cecília sorriu, aproximando-se.

— Eu também quero. Por que não buscamos juntas a felicidade?

Terminamos o jantar em um clima melhor. Uma nova conexão nascendo entre nós. Cecília sempre me olhando com olhos apaixonados e eu, entendendo que podia seguir frente, aceitando sua investida.

No carro, o silêncio era apenas quebrado pelo som suave da música. Cecília dirigia, enquanto eu olhava pela janela, refletindo sobre nossas conversas, sobre aquele estranho e doloroso reencontro no restaurante. Fabiano já está fora do meu alcance.

— Está pensando nele? — Cecília perguntou.

— Um pouco. Mas estou aqui agora. — Respondi.

O olhar de Cecília encontrou o meu e eu sorri. Ela sorriu de volta. Ao parar no sinal, nossas mãos se tocaram. Um toque leve, acidental. O arrepio foi mútuo.

Cecília não retirou a mão. Eu também não recuei. Seus dedos entrelaçaram nos meus. Olhos nos olhos.

— Eu quero você, Cecília. Que tal um motel? — Fui direta.

Seus olhos brilharam e ela rapidamente mudou a rota, dirigindo apressada.

Ao entrarmos no quarto, assim que a porta se fechou atrás de nós, nos braços uma da outra, nossos lábios se encontraram. Apesar da coragem inicial, da minha sugestão impulsiva, eu ainda estava receosa.

— Cecília, eu…

Ela me acalmou, carinhosa e delicada:

— Malu, eu estou aqui. Para você. Se quiser …

A noite era nossa. Noite de recomeço, de encontrar um novo amor.

Me entreguei.

Entre beijos e carícias, ajudamos uma à outra a ir tirando a roupa. Cecília sempre adorou meus seios, de bicos eretos, empinados.

— Eles são lindos, perfeitos. — Ela disse, já brincando com a língua, me enlouquecendo.

Enquanto falava sacanagens no meu ouvido, ela ia me tocando, me beijando a boca delicadamente. Subia pelo pescoço, voltava aos seios …

— Humm … delícia … — Eu apenas gemia, totalmente entregue.

Eu apertava seu rosto contra eles, deixando minha cabeça se inclinar para trás, curtindo a delícia daquelas carícias. Ela mordiscava os biquinhos delicadamente, me deixando excitada.

— Assim, safada … Ahhhh … suga gostoso, assim … Ahhhh.

Ela me olhou e eu sorri. O prazer podia ser lido em meu rosto.

Fui empurrando Cecília para a cama e ela se deixou conduzir, se deitando. Puxando sua calcinha carinhosamente e a bucetinha, toda depilada, babava de tesão.

— Que xoxotinha linda, minha ruiva safada. Eu já estava com saudade. Vai dar ela para mim? — Provoquei.

— Sim, meu amor. — Ela gemeu manhosa.

Fui acariciando suas coxas, beijando o seu púbis. Vagarosamente, descendo e beijando, passando a lamber em volta da xoxota. Ela gemia alto com minha tortura gostosa.

— Assim é covardia, sua putinha. Ahhhh …

Me posicionei sobre seu corpo e, por algum tempo, deixei meus cabelos negros massagearem seu ventre, enquanto a beijava, não deixando de lamber nem um centímetro sequer.

Senti que ela estava alucinada, doida para sentir minha língua naquela xoxota excitada, que começava a minar seu mel. Resolvi prorrogar um pouco a tortura, vendo seu olhar de desespero. Ela implorava:

— Vem logo, para de sacanagem. Você não sabe o quanto eu quero estou esperando por isso.

Num movimento rápido, ela virou o jogo, dominando as ações, fazendo com que eu me deitasse na cama, arrancando minha calcinha com suas mãos habilidosas.

— Se você não vem, vou eu …

E ela veio com tudo, direto na minha bucetinha melada, castigando deliciosamente meu grelinho com sua língua.

— Ruiva gostosa, safada … eu adoro você. Ahhhh …

Segurei forte sua cabeça, a pressionando contra a minha buceta. O contato de sua língua me derretia toda. Joguei novamente a cabeça para trás, gemendo alto.

— Que delícia, meu amor … Ahhhh … não para, que tesão … Ahhhh …

Meus gemidos incentivaram Cecília. Ela chupava minha xoxota com maestria e voracidade. Por vários minutos, me debati e continuei gemendo alto, alucinada de prazer.

Ela fazia uma pequena pausa, e depois passava a língua de leve no meu clitóris. Acelerava e diminuía, aumentava o ritmo e desacelerava … eu ia ao paraíso e voltava, repetidas vezes.

Vendo as reações do meu corpo, me conhecendo e antecipando minhas sensações, ela começou a chupar forte o meu grelo, me arrancando gemidos longos.

— Puta que pariu, sua safada … Ahhhh … assim eu não aguento, é demais … Ahhhh … vou gozar, sua gostosa.

Cecília adorava meu gosto, meu sabor, e fazia questão de me dizer:

— Esse cheiro, esse néctar … você é incrível, Malu … eu adoro …

Ela abriu meus lábios vaginais e enfiou a língua o mais fundo que conseguia, me fazendo ir às nuvens.

— Não para … não para … Ahhhh … Vou gozar …

Cecília lambia cada parte da minha xoxota, ao mesmo tempo que, com os dedos, começou a esfregar meu grelo bem rápido. Meu corpo tremia e os espasmos tomavam conta de mim. Minha xoxota piscava freneticamente

— Tô gozando, ruiva safada … não para … ai, meu Deus … tô gozando, putinha …

Cheguei a apagar por alguns segundos, extasiada de prazer. Ela ficou ao meu lado, acariciando minhas coxas, enquanto eu me recuperava.

— Seu sabor é único. O melhor. — Os elogios não paravam.

Empurrei Cecília contra a cama, me deitando sobre ela, sussurrando no seu ouvido.

— Minha vez …

Rolamos na cama e, depois de mais alguns beijos, comecei chupando aqueles seios lindos, naturais, apertando-os com delicadeza. Ela empurrava minha cabeça para baixo, ansiosa. Fui acariciando e beijando seu corpo, até chegar na bucetinha depilada e cheirosa, melada de desejo.

Me ajeitei, abrindo suas pernas e me enfiando entre elas. Suguei os seus grandes lábios, explorei toda a extensão da xoxota, brincando com a língua no grelinho a cada exploração.

Penetrei com os dedos, simulando a penetração, acariciando internamente o ponto “G”.

— Assim você acaba comigo … Ahhhh … isso é bom demais …

Abri sua xoxotinha, começando a lamber mais rápido, penetrando com os dedos mais vigorosamente. Ao mesmo tempo, sugava os grandes lábios, esticando a pele e sugando mais forte. Cecília alternava entre gemidos de dor e prazer.

— Aí, caralho … aiiiii … puta sacanagem, sua safada … Ahhhh …

Masturbei o clitóris com toda minha habilidade, enfiando os dedos cada vez mais fundo. Em poucos minutos, ela começou a se debater, se tremendo toda de prazer. Fui obrigada a usar o peso do meu corpo para manter as suas pernas travadas. Seu mel escorria abundante para o lençol. Praticamente, um squirting.

— Nossa! O que você está fazendo comigo? Ahhhh … caralho, que delícia … Ahhhh … Que orgasmo foi esse? Ahhhh …

— Isso foi maravilhoso, intenso. — Cecília disse enquanto nós nos recuperávamos.

Trocamos beijos longos, apaixonados, sugando nossas línguas. Namoramos sem pressa, nos amando pela primeira vez.

Convidei-a para um banho e enquanto ela me encarava, levantei e coloquei a banheira para encher. Pedimos champanhe e brindamos ao começo daquela nova oportunidade de sermos felizes, juntas.

Trocamos mais beijos, mais carícias e finalmente nos sentamos na banheira, com ela entre as minhas pernas. A água morna relaxava nossos corpos, enquanto o champanhe refrescava nossa alma.

Cecília voltou ao ataque, de ânimo renovado, ainda mais safada do que antes. Cruzamos as pernas, encaixando minha xoxota na dela e começamos a esfregar. Ela se apoiou com as mãos na borda, forçando sua bucetinha contra a minha. Sentia seu grelo esfregando, entrando em mim … simplesmente delicioso.

Cecília disse:

— Quando voltarmos para casa, vou te comer com meu strapon … vou foder essa bucetinha apertada a noite inteira. Me aguarde.

Aquele esfrega, esfrega de bucetas estava nos conduzindo ao orgasmo novamente. A água morna aumentou o tesão, preenchendo os espaços. Quando senti que iria gozar, aumentei o ritmo, friccionando com mais intensidade minha xoxota contra a dela. Aceleramos os movimentos, sincronizando quando necessário, e gozamos juntas.

Não era a nossa primeira transa, mas foi a primeira vez que fizemos amor. A primeira de muitas, de uma promessa de vida a dois. Ou a duas.

Um ano depois:

Olhei para Cecília, enquanto assinávamos os documentos finais da venda da casa que vivi com Fabiano. Um peso saiu das minhas costas. A ferida estava complemente curada. Um capítulo se fechou.

— Livres para recomeçar! — Eu disse, acariciando a mão dela.

Esqueci Fabiano? Não, é óbvio que não. Ele foi e sempre será o grande amor da minha vida. O perdi por minha própria culpa, por minhas escolhas. Aprendi a viver sem ele.

Amo Cecília? É claro que amo. Um amor diferente, novo, cheio de promessas e esperança. Me entreguei a ela de corpo e alma, me dando novamente a chance de ser feliz, de ser completa outra vez.

Compramos um novo apartamento juntas, um espaço moderno e arejado, com vista para o parque. Lá, estamos construindo uma nova vida.

Deixamos a empresa onde trabalhávamos e fundamos a “M&C Marketing Digital”. Agora, somos sócias igualitárias, criando campanhas brilhantes, lado a lado. Cecília ainda continua como meu braço direito, mas agora com poder de veto e decisões.

Em nosso novo apartamento, brindamos ao futuro.

— À nossa liberdade, ao nosso amor e ao nosso sucesso!

Cecília sorriu, seus lábios se encontrando aos meus. Naquele momento, eu soube que nossa vida juntas seria extraordinária. Tinha que ser. Eu jamais cometeria os mesmos erros novamente.

Pensamentos do passado ainda ecoavam. Amigos em comum me contaram sobre o casamento de Fabiano e Luana, o novo capítulo deles em outro estado, a expectativa do primeiro filho.

Eu apenas desejo, sinceramente, que ele tenha encontrado a felicidade plena que eu não soube proporcionar. Fabiano merece ser amado incondicionalmente. Luana, por mais que me doa dizer, parece ser a parceira ideal, a pessoa que ele merece.

Um sorriso triste, mas saudoso, escapou dos meus lábios. Quem sabe, talvez um dia, possamos reatar laços? Mesmo como amigos distantes, compartilhando lembranças sem dor.

Fim!!!


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