Dor fantasma

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Após o jantar, o sexo foi intenso. Depois do duche, e como no dia seguinte não tínhamos de nos levantar cedo, ficámos na preguiça a ver um filme. No final já estávamos a lutar contra o sono e quando a Sofia me propôs ficar e passar a noite com ela, não exitei.
Deitámo-nos vestidos como viemos ao mundo, o que, aliás, era hábito nosso, e de conchinha. Nem me lembro de ter adormecido…
A meio da madrugada acordei em sobressalto com os espasmos e gemidos da Sofia. Ensonado procurei o interruptor do candeeiro ao meu lado.
– Sofia… que… que se passa?
– Estou com umas guinadas horríveis no joelho… como tinha antes de amputar. É a maldita dor fantasma outra vez!
Sentei-me e comecei a massajar-lhe o coto com as duas mãos, primeiro suavemente, depois com mais de pressão apertando os músculos, rodando-os em torno da porção remanescente de fémur, beliscando com moderação a extremidade ao longo da cicatriz. Sofia, deitada de costas com os braços cruzados sobre a testa, foi-se descontraindo e o esgar de dor foi-se dissipando aos poucos.
Massajar aquele palmo de coto macio e extremamente bem torneado, sempre me deu um gigantesco tesão e, para não variar, fiquei com o pénis em riste… mas não era o momento certo para o pôr em ação, por isso controlei os ímpetos.
– Está melhor?
– Sim, querido, está a passar a dor… Mas agora tenho um formigueiro no pé!
Peguei-lhe no pé para o massajar também.
– Não é esse, palerma, é o que já não tenho!
– Eu sei – disse sorrindo – confia em mim, o teu sistema nervoso central vai perceber.
Pressionei lentamente o arco plantar com os polegares, percorri o tendão de Aquiles, estiquei os dedos um a um. Levantei-lhe o pé, chupei-lhe os dedos e mordi com força moderada o joanete que, ultimamente tenho reparado, parece estar a querer formar-se.
– Que tal? Já passou?
– Huuummm!Tão bom, querido! Era capaz de me habituar a isso… Mas quando a dor voltar a aparecer e tu não estiveres comigo como é que me vou safar?
– Como diz o Cat Stevens “You just call out my name, And you know wherever I am, I’ll come running, oh yeah baby, To see you again” – cantarolei, sorrindo.
Continuei a massajar-lhe o pé, a beijá-lo, e com uma mão fui subindo perna acima até encontrar a vulva. Dedilhei-lhe vagarosamente os lábios e o clitóris. Sofia estava de olhos fechados a saborear o momento, já muito molhada, o que me motivou a estimulá-la com a língua, enquanto uma mão lhe segurava a coxa intacta e a outra a decepada. Sofia afaga-me os cabelos. Quase a atingir o orgasmo, puxou-me para cima, colocou a perna sobre o meu ombro e pegou-me no pénis para o apontar à sua vagina. Penetrei-a lentamente a princípio, mas fui aumentando o ritmo. Entretanto baixou o pé, com a sola apoiada no meu peito e o coto levantado como se estivesse também a apoiar o pé que não tem. Atingi o orgasmo primeiro, deixando uma enorme quantidade de esperma no seu interior, mas continuei a bombear até que, também à Sofia, chegaram as convulsões do orgasmo.
Caímos para o lado, exaustos e abraçados. Apaguei o candeeiro… e apagámo-nos.
De manhã acordámos com o sol a entrar pela janela.
– Bom dia! Dormiste bem?
– Bom dia, querido, dormi muuuuiiito bem. Acho que quero voltar a ter a dor fantasma!
Ficamos uns minutos a trocar carícias e quando nos levantámos rimos ao verificar que o lençol estava repleto de evidências do amor que fizemos.


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