Meu Melhor Amigo
Eu e Daniel nos conhecemos no primeiro dia do ensino médio. Ele era o garoto novo, com um sorriso tímido e um jeito desajeitado que me conquistou na hora. Em poucas semanas, nos tornamos inseparáveis. Ele era meu porto seguro, a pessoa com quem eu podia compartilhar tudo. Mas havia algo que eu nunca tinha coragem de contar a ele: eu era gay, e estava apaixonado por ele.
Daniel era o tipo de garoto que todo mundo gostava. Alto, com cabelos castanhos bagunçados e olhos azuis que pareciam refletir o céu, ele tinha um jeito descontraído que atraía as pessoas. Eu, por outro lado, era mais reservado, o que fazia nossa amizade funcionar tão bem. Ele me trazia para fora da minha zona de conforto, e eu o ajudava a pensar antes de agir.
Mas, à medida que os anos passavam, meus sentimentos por ele só cresciam. Era difícil esconder, especialmente quando estávamos sozinhos. Às vezes, eu me pegava olhando para ele durante as aulas, imaginando como seria tocar seu rosto, sentir seus lábios nos meus. Mas eu sabia que arriscar nossa amizade por causa disso era perigoso demais.
Tudo mudou naquela noite de verão.
Estávamos na casa de Daniel, como de costume. Seus pais haviam saído, e nós decidimos fazer uma noite de filmes. Ele escolheu Love, Simon, e eu me senti um pouco exposto assistindo àquela história com ele. Durante o filme, eu percebia ele me olhando de relance, mas não dizia nada.
Quando o filme acabou, Daniel se virou para mim, seu rosto sério. “Lucas, você já se imaginou naquela situação? Tipo, se apaixonar por alguém que você não pode ter?”
Eu engoli seco, sentindo meu coração acelerar. “Por que você está perguntando isso?”
Ele encolheu os ombros, mas seus olhos não saíam dos meus. “Não sei. Só fiquei pensando… e se a gente perdesse algo incrível só porque tem medo de arriscar?”
Eu não sabia o que dizer. Meu coração batia tão forte que eu temia que ele pudesse ouvir. Ele se aproximou, e eu senti o calor do seu corpo. Seus olhos estavam fixos nos meus, e eu pude ver a dúvida e a esperança misturadas em seu olhar.
“Daniel, o que você está fazendo?”, eu sussurrei, minha voz tremendo.
“Algo que eu deveria ter feito há muito tempo”, ele respondeu, sua voz suave, mas firme.
E então, ele se inclinou e me beijou.
Foi um beijo lento, hesitante no começo, como se ele estivesse testando as águas. Mas, quando eu respondi, ele se aprofundou, suas mãos se movendo para o meu rosto. Eu me entreguei ao beijo, sentindo uma onda de alívio e excitação percorrer meu corpo. Era tudo o que eu sempre quis, e mais.
Quando nos separamos, ele olhou para mim, seus olhos brilhando. “Eu sabia”, ele disse, com um sorriso travesso. “Eu sempre soube que você sentia algo por mim.”
Eu ri, sentindo meu rosto queimar. “E você? Por que demorou tanto?”
Ele encolheu os ombros, seu sorriso se tornando mais suave. “Eu precisava ter certeza de que você estava pronto. E eu também.”
Naquela noite, algo mudou entre nós. Não era mais apenas uma amizade, mas algo mais profundo, mais intenso. Nós exploramos nossos sentimentos, nossos corpos, e descobrimos uma conexão que nem sabíamos que existia.
Desde então, Daniel e eu continuamos sendo melhores amigos, mas agora com algo a mais. Algo que tornou nossa amizade ainda mais especial. E eu sou grato todos os dias por ter tido a coragem de arriscar, mesmo quando parecia impossível.